Editorial diz que transporte público de má qualidade gera engarrafamentos. Você concorda? Clique aqui
Zerohora.com adianta o editorial que os jornais da RBS publicarão no próximo domingo para que os leitores possam manifestar concordância ou discordância em relação aos argumentos apresentados. Participações enviadas até as 18h de sexta-feira serão selecionadas para publicação na edição impressa. Ao deixar seu comentário, informe nome e cidade.
O trânsito não anda, mas a vida passa. Essa é a dramática conclusão que se pode tirar de recente pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que revela dados preocupantes sobre a permanência dos brasileiros nos deslocamentos para o trabalho, para o estudo e para outros compromissos que exijam sair de casa. Pelo menos 31% dos pesquisados em 142 municípios disseram que passam mais de uma hora no trânsito diariamente. Nas cidades com mais de 100 mil habitantes, o percentual sobe para 39%. Essa demora involuntária, causada por congestionamentos, pelo excesso de veículos particulares nas ruas e pela concentração de pessoas em áreas centrais, causa prejuízos, provoca estresse e evidencia a urgência de políticas públicas mais eficientes para equacionar o brete da mobilidade urbana no país. Entre os fatores que agravam o problema do trânsito no Brasil, estão a má qualidade do transporte público, o aumento de renda e de crédito para o consumidor nos últimos anos e também uma causa histórica, que é a política rodoviarista. Tudo gira em torno do automóvel. As cidades, os prédios, as vias urbanas, os espaços de compras e lazer, todos são planejados mais para os veículos do que para as pessoas. O resultado, além dos engarrafamentos já referidos, é a poluição ambiental e sonora, que reduz ainda mais a qualidade de vida dos habitantes das metrópoles. Sem investimento em transporte público eficiente, não há saída. Por mais que os administradores públicos e os especialistas tentem organizar o trânsito, com obras e sinalizações adequadas, o excesso de veículos provoca colapsos. Quando as cidades são atingidas por intempéries, como vem ocorrendo nas últimas semanas nos Estados do Sul, o asfalto se deteriora, a sinalização fica comprometida e o tráfego se torna inviável. Cidades sem metrô subterrâneo, como Porto Alegre e Florianópolis, ficam reféns do transporte rodoviário, seja ele individual ou coletivo. As experiências com bicicletas e ciclovias ainda são pouco significativas. A mesma pesquisa da CNI demonstra que 36% dos brasileiros consideram o transporte público ruim ou péssimo, 32% o classificam como regular e apenas 24% consideram-no ótimo ou bom. De onde se conclui que nossos governantes, mesmo que não disponham de recursos para investir em novas alternativas de transporte, deveriam qualificar os equipamentos disponíveis para ao menos atenuar o desconforto dos cidadãos.
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