
A anunciada reforma ministerial encaminha-se para mais um processo constrangedor de acomodação de políticos aliados, com o objetivo escancarado de evitar o avanço de um eventual processo de impeachment. As mudanças, que a presidente Dilma Rousseff demorou a acatar apesar dos apelos de diferentes setores da sociedade, derivam agora mais para um episódio de clientelismo político, com prejuízos para a nação. Particularmente em situações graves como as registradas hoje, era de se esperar que o Planalto não continuasse dependendo de canetaços na tentativa de assegurar governabilidade. O apoio deveria ocorrer naturalmente se o país contasse com partidos baseados mais em programas do que em interesses pessoais.
A simples tentativa do governo de definir um rumo para o país, feito que o PT até agora não conseguiu, significa algum alento para os brasileiros, frustrados pela deterioração acelerada da política e da economia. Preocupada, ao mesmo tempo, em barrar a aprovação das chamadas pautas-bomba, as tentativas de afastá-la do cargo e em dar um rumo para o país, a presidente pelo menos demonstrou alguma capacidade de reação.
O país precisa de condução firme, no momento em que as crises política e econômica se interligam, uma agravando a outra, com prejuízos inquietantes para os brasileiros. É lamentável que, sem credibilidade e desgastado pela deterioração acelerada da economia, o governo se veja refém de velhos vícios da política para agir. As mudanças ministeriais deixam isso evidente, com a indicação de políticos nem sempre incluídos entre os mais competentes para gerir as pastas para as quais são designados.