O próximo dia 20 de agosto é a data limite estipulada pela prefeitura de São Leopoldo, no Vale do Sinos, para que o Estado apresente uma solução de socorro para as finanças do hospital Centenário. Caso isso não ocorra, a administração municipal decidiu, nessa quinta-feira (3), que irá suspender o atendimento a pessoas de fora do município aos serviços de especialidade, como oncologia e neurocirurgia, e também no Pronto Socorro da instituição.
A medida, segundo o prefeito Ary Vanazzi (PT), é necessária para evitar a falência do hospital. Para o governo do Estado, porém, é ilegal.
A suspensão afetaria os atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) na região. Em algumas especialidades, como neurocirurgia, são atendidos pacientes de 15 municípios. Segundo o prefeito, caso um paciente procure o hospital para um serviço de especialidade, ele receberá o atendimento inicial e será transferido para outra unidade.
No que definiu como uma decisão de ¿alto risco político¿, Vanazzi quer utilizar a medida como forma de pressionar o governo do Estado a aumentar os repasses na área de saúde para o município. Prefeitura e município já haviam se reunido duas vezes para debater o tema.
— Se não tiver mais nenhum tipo de apoio, não teremos como manter os serviços porque hoje está insuportável. Hoje não conseguimos pagar a folha em dia, não conseguimos comprar insumos para o Hospital Centenário porque temos esse déficit que chega a R$ 19 Milhões nos primeiros seis meses desta administração — afirma o prefeito.
Conforme Vanazzi, o Centenário recebe repasses mensais de R$ 3 milhões por parte do Sistema Único de Saúde e apenas R$ 237 mil por parte do Piratini. Os gastos da instituição giram em torno de R$ 9 milhões.
— É impossível mantermos uma cidade como a nossa destinando 41% dos recursos. Hoje os hospitais de Sapucaia e Esteio recebem em torno de R$ 4 milhões por mês. Nós só contamos com aproximadamente R$ 300 mil. É injusto — diz.
O valor do repasse estadual foi confirmado pelo secretário adjunto da Saúde estadual, Francisco Paz. Para ele, o problema do Centenário não se resume apenas a uma crise financeira, mas, também, a falhas na gestão do hospital:
— Nós iniciamos há uma semana as discussões com a prefeitura de São Leopoldo para discutirmos os aportes financeiros ao hospital. O hospital tem tido problemas repetidos de gestão e a prefeitura está pleiteando esse aporte. Essa negociação iniciou, essa possibilidade de diminuição foi aventada e ontem nos surpreendemos com a notícia da imprensa de que eles estariam suspendendo o atendimento de pessoas de fora do município.
Paz afirma que, caso a suspensão ocorra, o Estado deverá tomar duas medidas. Uma é transferir os pacientes para outras localidades e a outra é cortar a habilitação do hospital para estes serviços. Para ele, a decisão de restringir os atendimentos é ilegal.
— Ela é ilegal. O hospital pode restringir de acordo com seus interesses, mas aí ele corta o acordo e rompe os contratos. Nesse sentido ela não é legal — destacou.