O depoimento da esposa do réu do Caso Bernardo Evandro Wirganovicz foi cheio de contradições em relação aos esclarecimentos prestados à Polícia Civil. A dona de casa Luciane Saldanha falou por cerca de uma hora no Foro de Frederico Westphalen nesta quinta-feira (18).
A primeira contradição foi sobre os peixes que Evandro teria pescado no rio próximo à cova do menino, dois dias antes do crime. Ele é acusado de cavar o buraco. À polícia, Luciane disse que não sabia de peixes. Já no depoimento de hoje ela mudou a versão.
“Eu estava deitada naquela hora que ele voltou. Eu tenho duas crianças. No outro dia eu vi os peixes. Tinha bastante peixe. Não contei, mas tinha”, afirma Luciane.
À polícia, Luciane também disse que desconfiou de Evandro estar pescando naquele horário - início de noite do dia 2 de abril. No depoimento ao juiz nesta quinta-feira, negou o que consta no depoimento. “Eu não disse isso”, afirma Luciane.
Perguntada pelo advogado de Evandro, Hélio Sauer, se ela havia sido ameaçada e constrangida em seu depoimento à polícia, ela disse que sim. “Eles (os policiais) diziam que se eu não dissesse que ele (Evandro) fez o buraco, ele ir pegar mais cadeia”, afirmou a testemunha.
Luciane também disse que era normal Evandro pescar naquele local e por vezes ia de carro. Depois que Edelvânia foi presa, Luciane perguntou a Evandro se ele tinha participação. Ele teria negado.
“Chorou (Evandro) de raiva dela (Edelvânia). Sabendo que a gente não vive sem os filhos da gente”, disse Luciane.
Luciane disse ainda que teve medo e vergonha da polícia.
Caso Bernardo
Bernando Uglione Boldrini, 11 anos, foi encontrado morto no dia 14 de abril, após dez dias desaparecido. O corpo do jovem estava em um matagal, enterrado dentro de um saco, na localidade de Linha São Francisco, em Frederico Westphalen. O menino morava com o pai, o médico-cirurgião Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, e uma meia-irmã, de 1 ano, no município de Três Passos.
O pai, a madrasta e uma amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, respondem na Justiça por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. O irmão de Edelvânia, Evandro, também responde por ocultação de cadáver. O pai de Bernardo ainda é acusado por falsidade ideológica.