A Venezuela classificou, nesta segunda-feira (28), como "sequestro" a intervenção dos Estados Unidos para separar uma menina de dois anos de sua mãe durante um processo de deportação, no qual o Departamento de Segurança Nacional (DHS) americano afirma ter agido para "proteger" a criança.
No sábado, o DHS informou em seu site sobre esta separação, indicando que os pais da menina pertenciam à temida gangue venezuelana Tren de Aragua e que atuava visando à sua "segurança e bem-estar".
"A Venezuela denuncia perante o mundo o sequestro por parte das autoridades dos Estados Unidos da menina venezuelana Maikelys Antonella Espinoza Bernal, de dois anos de idade", disse em um comunicado a chancelaria venezuelana.
"Reincidem no gravíssimo expediente de separar famílias e de retirar um menor de idade de seu entorno afetivo e especialmente de sua mãe biológica", acrescentou.
Segundo o Departamento de Segurança Nacional dos EUA, a menina está sob "cuidados e custódia do Escritório de Realocação de Refugiados e atualmente está com uma família de acolhimento".
O DHS acusou a mãe, Yorely Bernal Inciarte, de supervisionar "o recrutamento de mulheres jovens para o narcotráfico e a prostituição".
O pai, Maiker Espinoza Escalona, por sua vez, foi acusado de ser "tenente" do Tren de Aragua e de supervisionar "homicídios, tráfico de drogas, sequestros, extorsão, tráfico sexual", assim como uma "casa de tortura".
A Venezuela disse que Espinoza foi enviado ao Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), uma prisão de máxima segurança em El Salvador, para onde o governo de Donald Trump deportou migrantes que considera criminosos em meio à onda de deportações em massa lançada após seu retorno à Casa Branca.
No Cecot encontram-se mais de 250 imigrantes venezuelanos também acusados de pertencer ao Tren de Aragua.
A Venezuela exigiu a devolução "imediata" da criança e garantiu que recorrerá a todos os mecanismos "legais, políticos, diplomáticos e de ações multilaterais" para que a integridade das famílias seja respeitada.
* AFP