
Dois cardeais aptos a votar, um espanhol e um bósnio, estarão ausentes do conclave que elegerá o sucessor do papa Francisco por motivos de saúde, anunciou o Vaticano nesta terça-feira (29).
O porta-voz da Santa Sé, Matteo Bruni, não revelou a identidade dos dois sacerdotes. No entanto, a Conferência Episcopal Espanhola informou à AFP que um deles era Antonio Cañizares, 79 anos, arcebispo de Valência.
Com as baixas, o número total de cardeais eleitores no conclave caiu para 133. A votação secreta começa em 7 de maio na Capela Sistina. O novo papa é eleito com pelo menos dois terços dos votos.
Cardeal destituído
O cardeal italiano Giovanni Angelo Becciu, 76 anos, condenado a cinco anos e seis meses de prisão e destituído de seus privilégios por ordem do papa Francisco, anunciou a desistência de participar do processo na segunda-feira (28).
"Tendo no coração o bem da Igreja, à qual servi e continuarei servindo com fidelidade e amor, assim como para contribuir com a comunhão e a serenidade do conclave, decidi obedecer como sempre fiz", afirmou em um comunicado enviado por seu advogado.
Becciu chegou a declarar, em 22 de abril, que estaria no conclave. Porém, o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado e um dos principais candidatos ao papado, entregou ao colega dois documentos assinados por Francisco — um de 2023 e outro do mês passado — reafirmando a sua exclusão do processo eleitoral. Parolin também apresentou os documentos aos cardeais reunidos previamente para discutir os preparativos do conclave.
Próximos passos
Na segunda-feira (28), a Capela Sistina, palco da votação, foi fechada ao público para que fosse iniciada a sua preparação para o conclave.
Depois disso, uma reunião foi realizada com os 252 membros do Colégio de Cardeais da Igreja Católica, na qual foi decidido que o conclave começa em 7 de maio.
As regras canônicas, flexibilizadas por Bento XVI, indicam que o conclave deve se iniciar após o período conhecido como novemdiales. São os nove dias de luto no Vaticano, em que ocorrem missas diárias em homenagem ao papa. Com a primeira no domingo (27), um dia após o sepultamento de Francisco, a última será em 5 de maio.
Como é o conclave?
A escolha do novo papa acontece na Capela Sistina e os cardeais eleitores ficam alojados na Casa Santa Marta — uma espécie de hotel no Vaticano, construído nos anos 1990, durante o papado de João Paulo II, com a finalidade de tornar os conclaves mais confortáveis para os participantes.
Curiosamente, ao ser eleito, em 2013, Francisco optou por continuar vivendo no quarto em que estava hospedado no local, em vez de mudar-se para o palácio destinado ao pontífice.
Durante o período da eleição, os cardeais são impedidos de manter contato com pessoas externas ao processo, salvo em situações de emergência. Eles também não podem ler jornais, ouvir rádio, ver TV ou acessar a internet.
Prestadores de serviços, como médicos, cozinheiros e faxineiros, devem fazer um juramento de segredo para atuar no Vaticano enquanto ocorre o processo. É vedada a entrada na capela, durante o conclave, de dispositivos que permitam gravação, seja de áudio ou imagens.