
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, aceitou a proposta de Donald Trump de interromper os ataques à infraestrutura energética na Ucrânia por 30 dias — se Kiev fizer o mesmo, disse o governo russo após uma ligação entre os presidentes. Os países vão trocar 175 prisioneiros de guerra na quarta-feira (19).
Putin "reagiu positivamente à iniciativa do presidente dos EUA" e "imediatamente deu a ordem correspondente ao exército russo", disse a presidência russa em um comunicado.
Na terça-feira passada (11), a Ucrânia aceitou uma proposta dos Estados Unidos para um cessar-fogo de 30 dias na guerra com a Rússia.
Após aceitar a proposta, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que os Estados Unidos precisavam "convencer" a Rússia a aceitar o cessar-fogo. Ele acrescentou que a Ucrânia vê essa proposta de trégua de forma "positiva".
"A Ucrânia aceita essa proposta. Estamos dispostos a adotar uma medida como essa", escreveu Zelensky em uma rede social.
De acordo com informações do jornal O Globo, a Rússia impõe algumas condições para um cessar-fogo total.
"Foi enfatizado que a condição chave para impedir a escalada do conflito e trabalhar para sua resolução por meios políticos e diplomáticos deve ser uma cessação completa da assistência militar estrangeira e o fornecimento de informações de inteligência para Kiev", diz a nota.
Como começou a guerra?
O conflito explodiu no Leste Europeu em fevereiro de 2022, mas a tensão era crescente desde 2014, quando a Rússia invadiu e ocupou a península da Crimeia. No Donbass, região leste da Ucrânia, combatentes separatistas, com o apoio russo, lutavam contra tropas do governo pela independência das regiões de Donetsk e Luhansk.
Tendo como argumento a defesa da população falante russa na região, o presidente Vladimir Putin reconheceu, em 21 de fevereiro de 2022, a autonomia dessas áreas. Três dias depois, invadiu a Ucrânia, uma ex-república soviética, independente desde 1991. O pano de fundo da crise foi a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para o Leste.
O conflito começou cedo em 24 de fevereiro de 2022. Por volta das 5h (horário local de Moscou, meia-noite no Brasil), o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou a operação militar de invasão ao país vizinho.
Inicialmente, a expectativa era de que os ataques ficassem restritos às duas regiões reconhecidas por ele como independentes: Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia. No entanto, a realidade foi de explosões em diferentes regiões ucranianas, inclusive a capital, Kiev.
À época, a reação internacional ocorreu de forma contundente. Membros da Organização das Nações Unidas (ONU), da União Europeia e de países como China, França, Alemanha e Reino Unido reagiram à invasão, seja condenando ou pedindo moderação.
Quais os motivos para a guerra?
Diferentes motivos explicam o conflito na Ucrânia, uma ex-república, que integrava a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas até 1991. Com o colapso soviético, a Ucrânia declarou independência, mas sua soberania sempre esteve ameaçada pela influência da Rússia, que vê o território como parte do país.
Nos anos 2000, a Ucrânia iniciou uma aproximação com o Ocidente, mas houve reveses. Em 2004, o presidente eleito Viktor Yanukovich (pró-Rússia) foi removido do poder pela Revolução Laranja, após protestos exigindo eleições transparentes no país. Em 2014, ele retornou ao poder.
Ao rejeitar acordos preliminares de integração à União Europeia, Yanukovich foi derrubado pela revolta na Praça Maidan, em Kiev. Semanas depois de sua saída, a Rússia anexou a Crimeia, uma base da frota russa no Mar Negro, e separatistas pró-Moscou tomaram instalações-chave no leste ucraniano.
Expansão da Otan
A intenção da Ucrânia de ingressar na aliança militar do Ocidente acendeu o alerta na Rússia, que temeu tropas na sua fronteira e área de influência. As sucessivas expansões da Otan para o Leste, inclusive para países que pertenciam ao antigo Pacto de Varsóvia, causaram desconforto no Kremlin.
Imperialismo russo
Depois da crise com o fim da URSS, nos anos 1990, Putin assumiu a presidência com a promessa de reposicionar a Rússia enquanto potência global. O país quis retomar a influência em áreas de maioria russa, como a Ossétia do Sul e a Abcásia (Geórgia), a Transnístria (Moldávia) e o próprio Donbass (Ucrânia). A Crimeia já foi ocupada em 2014.
Separatismo no Donbass
Putin explora os interesses de grupos separatistas pró-Rússia no Donbass. Depois da ocupação da Crimeia, essas organizações passaram a exigir a independência das províncias ucranianas de Donetsk e Luhansk. Uma guerra começou entre os separatistas e as forças do governo da Ucrânia. Dias antes da invasão russa, em 2022, Putin reconheceu a independência das duas províncias.
Proteção dos russos étnicos
O governo russo argumentou que um dos objetivos de sua "operação especial", eufemismo de Putin para a guerra na Ucrânia, foi proteger os falantes russos do Donbass, que, em sua visão, seriam perseguidos pelo governo ucraniano.
"Desnazificação" do país
Putin disse que o governo ucraniano era integrado por políticos de inspiração nazista. Embora o Batalhão Azov, unidade militar integrada às forças armadas russas que luta contra os separatistas no Donbass, conte com integrantes de orientação neonazista, essa não é a realidade da maioria dos líderes ucranianos.