
A Ucrânia acusou a Rússia nesta quarta-feira (19) de rejeitar de fato uma proposta americana de trégua, após anunciar uma onda de ataques contra infraestruturas civis poucas horas após Moscou concordar em interromper os ataques contra o setor energético ucraniano. "Hoje, Vladimir Putin rejeitou de fato a proposta de um cessar-fogo total", escreveu o presidente Volodymyr Zelensky na rede social X.
"Infelizmente, houve bombardeios, especificamente contra a infraestrutura civil. Um ataque direto de um drone "Shahed" em um hospital em Sumy, ataques em cidades na região de Donetsk e drones de ataque atualmente nos céus das regiões de Kiev, Zhytomyr, Sumy, Chernihiv, Poltava, Kharkiv, Kirovohrad, Dnipropetrovsk e Cherkasy", informou o mandatário.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu homólogo da Rússia, Vladimir Putin, concordaram na terça-feira (18), em uma conversa telefônica extensa, que Moscou interromperia os ataques ao setor energético da Ucrânia, sem chegar a um acordo sobre um cessar-fogo total.
A Rússia também anunciou que sofreu ataques ucranianos. O país afirmou ter repelido várias tentativas de incursões terrestres do exército ucraniano na região russa de Belgorod. Moscou disse que um ataque de drones ucranianos provocou um incêndio em um depósito de petróleo na região de Krasnodar.
Em meio às hostilidades, Estados Unidos e Rússia iniciarão as negociações para encerrar gradualmente o conflito na Ucrânia no domingo (23), em Jidá, na Arábia Saudita, informou o enviado especial de Trump, Steve Witkoff.
Na rede Truth Social, Trump disse ter chegado a "um entendimento para trabalhar rapidamente com o objetivo de alcançar um cessar-fogo total e, em última instância, o fim" da "horrível guerra entre Rússia e Ucrânia".
De acordo com o Kremlin, o presidente russo está disposto a "trabalhar com seus parceiros americanos em um exame aprofundado das possíveis vias para uma resolução, que deve ser abrangente, estável e sustentável".
Em entrevista coletiva virtual, Zelensky pediu detalhes sobre o que os russos ofereceram aos americanos ou o que os americanos propuseram aos russos.
Moscou também concordou em trocar na quinta-feira (20) 175 prisioneiros de guerra com Kiev e impôs suas condições, entre elas o fim do "rearmamento" da Ucrânia, segundo o Kremlin, e a suspensão da ajuda ocidental a Kiev.
Essas condições visam a enfraquecer a Ucrânia e mostram que não estão dispostos a encerrar a guerra, acusou Zelensky.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente francês, Emmanuel Macron, garantiram à Ucrânia a continuidade do apoio militar. Já o Reino Unido saudou o que chamou de "avanços" obtidos "para um cessar-fogo".
— Continuamos apoiando o exército ucraniano em sua guerra de resistência contra a agressão russa — afirmou Macron.
Além da pausa nos ataques ao setor energético da Ucrânia, a Casa Branca mencionou "negociações técnicas sobre o estabelecimento de um cessar-fogo marítimo no Mar Negro, um cessar-fogo integral e uma paz duradoura".
Em seu comunicado, o governo americano elogiou a "imensa vantagem" de uma "melhor relação bilateral" entre os Estados Unidos e a Rússia, com potencial para "grandes acordos econômicos".
Os comunicados de Washington e Moscou não mencionam nenhuma possível redistribuição territorial, após o presidente americano ter dito que estava disposto a discutir uma distribuição entre a Ucrânia e a Rússia, que reivindica cinco regiões ucranianas, incluindo a Crimeia.
— O objetivo deve continuar sendo o mesmo: ter um cessar-fogo mensurável e verificável — exigiu Macron.
Segundo ele, "isso é inconcebível sem que os ucranianos estejam sentados à mesa" de negociações.