O Equador espera receber ajuda de forças militares dos Estados Unidos, Brasil e Europa para fortalecer sua guerra contra o crescente crime organizado, disse o presidente Daniel Noboa à BBC, em uma entrevista divulgada nesta quarta-feira (19).
O presidente havia proposto em fevereiro a incorporação de forças especiais de "países aliados" para apoiar as ações militares e policiais na luta contra o tráfico de drogas, sem especificar na ocasião a quais nações se referia.
Ao ser questionado pela rede britânica se seu plano para combater o crime incluía trazer mercenários ao país, respondeu: "Não necessariamente". "Estamos falando de exércitos, Estados Unidos, forças especiais europeias, forças especiais brasileiras, precisamos de mais soldados para lutar nesta guerra", declarou.
Noboa, que disputará o segundo turno presidencial em abril, enfrenta uma onda de violência ligada ao narcotráfico em um país com uma localização estratégica para a distribuição de drogas pelo oceano Pacífico.
No poder desde novembro de 2023, o presidente anunciou na semana passada uma aliança com o fundador da polêmica empresa Blackwater, Erik Prince, para combater o crime.
Segundo Noboa, Prince está "assessorando" o país pois tem "experiência" nesse tipo de conflitos baseados em uma estratégia "não convencional, de guerra de guerrilha urbana".
O narcotráfico alimenta uma violência sem precedentes no Equador, que fechou 2024 com uma taxa de 38 homicídios por cada 100 mil habitantes.
O chefe de Estado também apontou que gostaria que o presidente americano, Donald Trump, reconhecesse como terroristas as gangues criminosas equatorianas, tal como fez com oito cartéis do México, Venezuela e El Salvador, alguns dos quais operam no Equador.
"São grupos narcoterroristas internacionais que operam em vários países. Fico feliz se ele classificar Los Lobos, Los Choneros, Tiguerones como grupos terroristas, porque é isso que eles são", afirmou.
Há um ano, Noboa declarou o país em conflito armado interno para combater o crime organizado. A medida lhe permite manter militares nas ruas, o que foi duramente criticado por organismos de direitos humanos por supostos abusos, assassinatos e desaparecimentos forçados.
As denúncias cresceram quando, em dezembro, quatro crianças foram detidas por uma patrulha militar e dias depois seus corpos apareceram carbonizados perto de uma base da Força Aérea.
As forças armadas atuam "proporcionalmente", disse Noboa, e considerou "injustas" as acusações. "Os militares no Equador são cerca de 35 mil, e todos esses grupos narcoterroristas juntos são 40 mil", disse.
O governo solicitou ao Congresso que abra as portas para o estabelecimento de bases militares estrangeiras no país, atualmente proibidas.
* AFP