
Os serviços de emergência continuam as buscas, neste domingo (30), pelas vítimas do terremoto de sexta-feira, que deixou pelo menos 1,7 mil mortos em Mianmar e também foi sentido na Tailândia, onde 18 pessoas morreram.
Apesar da chegada gradual da ajuda internacional, o número de mortos pode continuar aumentando, em um país onde grande parte da população vive próxima à Falha de Sagaing, onde as placas indiana e eurasiática se encontram.
Desde o golpe de Estado de 2021, Mianmar também está mergulhada em um conflito civil que dizimou seu sistema de saúde.
O terremoto da tarde de sexta-feira teve magnitude 7,7 e ocorreu a pouca profundidade, o que aumentou seu impacto. Minutos depois, houve outro tremor, de magnitude 6,7.
De acordo com os últimos números da junta militar birmanesa, há 1,7 mil mortos, 3,4 mil feridos e 300 desaparecidos.
Na cidade de Mandalay, próxima ao epicentro e uma das mais afetadas, o terremoto causou o desabamento de prédios e pontes e rachaduras nas estradas.
Neste domingo, por volta das 14h (4h30min no horário de Brasília), outra réplica, de magnitude 5,1, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, fez com que as pessoas corressem para as ruas novamente e interrompeu temporariamente os esforços de resgate.
Em um prédio parcialmente destruído em Mandalay, onde 180 monges faziam provas, as equipes de resgate birmanesas e chinesas continuam procurando por sinais de vida.
Até agora, 21 pessoas foram encontradas vivas e 13 mortas, de acordo com uma autoridade.
— Quero ouvir o som da voz dele rezando — disse San Nwe Aye, a irmã de 48 anos de um monge desaparecido, que aguarda notícias.
"Grave escassez" de suprimentos
As agências internacionais alertaram que Mianmar não tem recursos para lidar com um desastre dessa magnitude.
Antes do terremoto, as Nações Unidas já estimavam que cerca de um terço da população estaria em risco de fome em 2025.
Uma "grave escassez" de suprimentos médicos dificulta a ajuda, alertou a ONU, ao afirmar que os socorristas não têm equipamentos de trauma, bolsas de sangue, anestésicos e medicamentos essenciais.
As operações de resgate também são prejudicadas pelos danos a hospitais e infraestrutura de saúde, assim como estradas e redes de comunicação.
Uma mulher grávida, que teve uma perna amputada para poder ser retirada dos escombros de um edifício, não sobreviveu aos ferimentos, apesar do trabalho dos médicos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) enviou com urgência quase três toneladas de suprimentos médicos para hospitais em Mandalay e Naypyidaw, a capital, onde milhares de feridos estão sendo tratados.
Neste domingo, a OMS lançou um chamado para arrecadar rapidamente 8 milhões de dólares (46 milhões de reais) para salvar vidas e prevenir epidemias nos próximos dias.
"As avaliações preliminares indicam um número elevado de vítimas e feridos relacionados a traumatismos, que precisam de atendimento de urgência", declarou a OMS. A organização "classificou essa crise em urgência nível 3", o mais elevado de seu programa de intervenção.
A China enviou 82 socorristas e prometeu US$ 13,8 milhões (R$ 79,5 milhões) em ajuda. A Cruz Vermelha lançou um apelo para arrecadar US$ 100 milhões (R$ 576 milhões).