
A morte do papa Francisco, nesta segunda-feira (21), dá início a um protocolo no Vaticano que começa com a despedida ao pontífice e se encerra com a definição de seu sucessor.
Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, em Buenos Aires, Argentina, no ano de 1936, morreu aos 88 anos, em decorrência do agravamento do quadro respiratório.
As regras peculiares ao cargo determinam que, quando surge a informação sobre a morte do santo padre, cabe ao camerlengo — cardeal que administra a Santa Sé — confirmar o óbito, podendo contar com a assistência de médicos para isso.
Há um ritual para a constatação da morte do santo padre. O camerlengo deve se aproximar do corpo e chamar o nome de batismo do pontífice por três vezes. Em seguida, deve bater na testa dele com um martelo de prata e proclamar, em latim:
— Vere papa mortuus est.
A tradução para o português seria algo como "O papa está realmente morto".
Após constatar a morte, o camerlengo retira da mão do papa o anel do pescador, que representa o poder investido ao cargo, e o destrói usando novamente o martelo de prata, marcando assim o fim do pontificado.
Depois desse ritual, se inicia a preparação do corpo para os atos de despedida. Ele é embalsamado e vestido em um traje específico. É proibido fazer qualquer registro, seja foto ou vídeo, do corpo antes de ele estar nas vestes adequadas.
Quando o papa morto é retirado do quarto (se a morte ocorrer em seus aposentos), saem também todos os seus pertences e as portas do cômodo são seladas com um lacre de cera, que só poderá ser violado pelo sucessor.
O camerlengo então notifica o cardeal vigário da diocese de Roma sobre a morte. Cabe a esse cardeal fazer a comunicação pública. Em geral, soam, então, os sinos do Vaticano.
Novemdiales
Confirmada a morte do papa, convocam-se todos os cardeais. Durante a chamada vacância da Sé Apostólica — período em que não há papa —, o Colégio dos Cardeais passa a comandar o Vaticano, mas devendo tomar decisões somente sobre coisas inadiáveis, deixando os temas de atribuição do sumo pontífice para o próximo eleito.
"Durante o tempo em que estiver vacante a Sé Apostólica, o governo da Igreja está confiado ao Colégio dos Cardeais, mas somente para o despacho dos assuntos ordinários ou inadiáveis, e para a preparação daquilo que é necessário para a eleição do novo pontífice", diz o Universi Dominici Gregis, constituição apostólica escrita pelo papa João Paulo II.
A oficialização da morte do sumo pontífice também inicia um período de luto oficial de nove dias no Vaticano, chamado de novemdiales, com celebrações diárias em memória do morto. Em geral, entre o quarto e o sexto dia ocorre o sepultamento.
Conclave
Tradicionalmente no 15º dia após a morte do papa se inicia o conclave. É o processo em que os cardeais ficam confinados na Capela Sistina, dentro do Vaticano, para discutir os rumos da Igreja Católica e eleger o próximo pontífice. São 120 votantes.
Qualquer homem batizado católico pode ser eleito papa, mas, em geral, os votos são dados a cardeais. Para que um papa seja eleito, ele precisa receber o apoio de mais de dois terços dos participantes do conclave.
Os votos são em papel, queimados após cada escrutínio. Quando não se chega a um resultado, fumaça preta sai da chaminé da Capela Sistina. Quando se alcança a quantidade de votos necessária para a eleição do novo papa, a fumaça é branca. Assim, os fiéis reunidos na Praça de São Pedro ou que acompanham transmissões pela TV ou internet ficam sabendo sobre o andamento do conclave, já que não são emitidos comunicados oficiais sobre a reunião dos cardeais.