
O grupo guerrilheiro ELN declarou uma "greve armada" que entrará em vigor a partir de terça-feira no departamento colombiano de Chocó (noroeste), onde a população ficará confinada por ordem do grupo armado, denunciaram autoridades locais, ao pedir ações do governo central nesta segunda-feira (17).
"Haverá uma paralisação armada no departamento de Chocó nas próximas 72 horas (...). Isso significa que não haverá transporte, significa que não haverá trânsito nas vias públicas", as aulas serão suspensas em várias localidades rurais e áreas urbanas onde a guerrilha exerce influência, disse nesta segunda-feira a governadora de Chocó, Nubia Córdoba, em entrevista à La FM.
Também não haverá "nenhum tipo de abastecimento de alimentos, medicamentos ou serviços, especialmente de saúde", afirmou a governadora, que pediu que o governo do esquerdista Gustavo Petro intervenha para "restaurar a ordem e proteger nossos cidadãos".
A Frente de Guerra Ocidental da guerrilha afirmou em um comunicado no fim de semana que a paralisação responde a uma suposta aliança de "convivência" na região entre o Exército e o Clã do Golfo, a maior organização narcotraficante da Colômbia.
Os rebeldes e o grupo de origem paramilitar se enfrentam neste departamento desde o início de fevereiro e organizações da sociedade civil denunciaram instalações de minas antipessoais em grande parte do território.
Antes do início da greve, cerca de 3.500 pessoas se deslocaram e 2.000 famílias se confinaram, principalmente em cinco municípios rurais de Chocó, informou nesta segunda-feira a Fundação Paz e Reconciliação (Pares).
O anúncio ocorre em meio a uma ofensiva militar do governo colombiano contra o ELN na fronteira com a Venezuela, iniciada em meados de janeiro após um ataque sangrento da guerrilha contra civis e dissidentes das extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na região de Catatumbo.
Esta é a onda de violência mais grave em uma década na Colômbia, com pelo menos 57 mortos confirmados, oito desaparecidos e mais de 50.000 deslocados.
Desde 2022, o ELN mantém negociações de paz com o governo Petro, mas a onda de violência em Catatumbo motivou o presidente a suspender as negociações e enviar mais de 10.000 soldados para a região.
* AFP