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Pelo menos 10.000 famílias tiveram que fugir de um campo para pessoas deslocadas na região de Darfur, no oeste do Sudão, que foi atingido por dois dias de combates na semana passada, anunciou uma agência da ONU nesta quarta-feira (19).
O Sudão está em guerra desde abril de 2023 entre as Forças de Apoio Rápido (FAR) paramilitares, lideradas pelo general Mohamed Hamdan Daglo, e o exército, liderado pelo general Abdel Fatah al Burhan, que de fato governa o país, um dos mais pobres do mundo.
Na semana passada, as FAR invadiram o campo de Zamzam, onde vivem pelo menos meio milhão de pessoas, levando a confrontos com o exército sudanês e milícias aliadas, disseram testemunhas à AFP.
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De acordo com a Organização Internacional para Migração (OIM), a violência deslocou 10.000 famílias de Zamzam desde 11 de fevereiro.
Além do campo, outras "1.544 famílias foram deslocadas de vários vilarejos" perto de El-Fasher, capital do estado de Darfur do Norte.
El-Fasher é a única capital de estado na região de Darfur que as FAR não conseguiram capturar em sua guerra de quase dois anos contra o exército sudanês.
Enquanto o exército está prestes a retomar a capital, Cartum, os paramilitares intensificaram sua ofensiva para tomar El-Fasher a fim de consolidar seu poder em Darfur.
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Zamzam tem recebido ondas de sudaneses deslocados pela guerra e as pessoas que vivem lá estão sofrendo de fome.
Antes dos recentes combates, 1,7 milhão de pessoas já estavam deslocadas somente no norte de Darfur, e dois milhões enfrentavam extrema insegurança alimentar, de acordo com a ONU.
De acordo com uma avaliação apoiada pela ONU, espera-se que a fome se espalhe para cinco áreas, incluindo a capital El-Fasher, em maio.
Em todo o Sudão, a guerra matou dezenas de milhares de pessoas, deslocou mais de 12 milhões e criou a maior crise de fome e de deslocamento do mundo.
* AFP