O regime de Nicolás Maduro fechou, nesta sexta-feira (10), a passagem da fronteira entre a Venezuela e o Brasil, enquanto o ditador tomava posse em Caracas, para seu terceiro mandato. A medida deve se estender até segunda (13), confirmou o Ministério das Relações Exteriores ao jornal O Globo.
“Em caso de emergência, cidadãos brasileiros poderão acionar os plantões consulares da Embaixada do Brasil em Caracas”, disse o Itamaraty.
O fechamento ocorre enquanto Maduro e seus apoiadores denunciam uma conspiração internacional da extrema-direita para derrubá-lo e "impor um presidente ao país".
O bloqueio nesta sexta foi realizado por militares bolivarianos na passagem rodoviária entre Santa Elena do Uairén e Pacaraima (RR), segundo a Polícia Militar de Roraima. Esse é o principal trecho urbano na fronteira seca entre os países, por onde circulam diariamente caminhões com mercadorias e pessoas, entre elas centenas de refugiados.
Em imagens que circulam entre policiais, é possível identificar alguns soldados da guarda venezuelana posicionados em bloqueio na estrada e cones espalhados, impedindo o trânsito de veículos. Também havia uma formação de soldados de pé, em barreira, próxima às bandeiras de ambos países, no marco fronteiriço.
Mais cedo, o regime havia fechado a fronteira com a Colômbia, com o Estado de Táchira, principal entrada por terra no país. A medida ocorreu após promessas do candidato presidencial opositor Edmundo González de retornar à Venezuela para tentar assumir no lugar do chavista. Ele, porém, estava na República Dominicana, acompanhado de ex-presidentes latino-americanos.
Na véspera, opositores acusaram o regime de deter a ex-deputada María Corina Machado, principal voz de contestação ao regime, após participar de um protesto. Ela foi liberada depois de algumas horas pelo governo, segundo a oposição, mas os chavistas negam tê-la detido.
O governador de Táchira, Freddy Bernal, atribuiu o fechamento da fronteira a uma suposta conspiração internacional contra o governo, como é praxe no chavismo em momentos nos quais costuma coibir atividades opositoras.
"Temos informações de uma conspiração internacional para perturbar a paz dos venezuelanos. Vamos determinar, por instruções do presidente Nicolás Maduro, o fechamento da fronteira com a Colômbia a partir das 5h (6h em Brasília) da manhã de hoje até as 5h da manhã de segunda-feira", disse Bernal.
Como Maduro já havia fechado a fronteira antes, em momentos de potencial instabilidade política, o Estadão questionou pela manhã a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal sobre eventual bloqueio. Mas os órgãos não reportaram o fechamento. "Observou-se uma leve redução no fluxo migratório, sem alterações significativas", disse a PF.
No entanto, o senador Hiran Gonçalves (PP-RR) afirmou que recebeu relatos e que cobrou o Ministério das Relações Exteriores para buscar a reabertura imediata, por meio de ofício.