A Casa Branca ordenou na terça-feira (28) a suspensão de trilhões de dólares em subsídios, empréstimos e financiamentos de programas do governo dos Estados Unidos. A intenção é revisá-los e garantir que estejam de acordo com a agenda de Donald Trump.
Horas depois, a diretriz que afeta a vida de milhões de americanos foi bloqueada até o dia 3 de fevereiro, pela juíza Loren AliKhan, de Washington, que aceitou uma ação movida pela Organização Não Governamental (ONG) Democracy Forward (Democracia em Frente, na tradução literal). A entidade alegou que a ordem de Trump violava a Primeira Emenda da Constituição dos EUA e uma lei federal que determina como os decretos devem ser implementados.
A nova diretriz colocou escolas, hospitais, ONGs e empresas de pesquisa em uma corrida frenética para entender a extensão e a rapidez com que ela poderia forçá-los a interromper suas atividades. Entre os programas ameaçados estão merendas escolares e subsídios para microempresas.
O texto da medida é amplo e vago. Especialistas da área jurídica dizem que o decreto viola a exigência de a Casa Branca executar fielmente as leis aprovadas pelo Congresso. A ordem também seria um aviso para os rivais políticos de Trump, de que ele não pretende dar muita atenção às negociações legislativas e acredita ter ganhado carta branca dos eleitores para transformar os EUA.
Confusão
Horas depois de o governo anunciar a suspensão de gastos, a Casa Branca se viu mergulhada em confusão, tentando evitar interrupções em programas cruciais de segurança alimentar, combate ao crime, ajuda habitacional, pesquisas médicas e resposta a desastres naturais.
Pouca gente parecia entender o escopo e a intenção do memorando de duas páginas da Casa Branca que instruía as agências a "pausar temporariamente" o financiamento. A incerteza forçou o governo a emitir uma nova diretriz ao longo do dia, dizendo que buscava apenas alinhar os gastos com os recentes decretos do presidente. Mas o esclarecimento não serviu para acalmar os ânimos.
Muitos Estados relataram problemas para acessar fundos do programa de seguro-saúde de baixa renda Medicaid. Creches tiveram dificuldades para obter reembolsos do programa conhecido como "Head Start". Um portal usado para sacar fundos de assistência de aluguel parou de funcionar, embora a causa não tenha sido esclarecida.
A Casa Branca admitiu algumas falhas no sistema, mas afirmou que nenhuma interrupção teve relação com a suspensão dos pagamentos.