Em oração na Praça São Pedro, no Vaticano, o Papa Francisco celebrou o cessar-fogo firmado entre Israel e o Hamas. O acordo entrou em vigor neste domingo, após um atraso de cerca de três horas.
A primeira fase do trato prevê a liberação de reféns israelenses e palestinos e a retirada de tropas do Exército de Israel do território da Faixa de Gaza. Em seu discurso, Papa Francisco elogiou os esforços em favor da paz.
— Expresso minha gratidão a todos os mediadores. É um bonito trabalho esse de mediar para que a paz seja alcançada. Obrigado aos mediadores. E também agradeço a todas as partes envolvidas por esse importante resultado — disse o pontífice.
O líder da Igreja Católica ainda cobrou o cumprimento do tratado e revelou estar rezando pelos reféns e suas famílias.
— Espero que o que foi acordado seja imediatamente respeitado pelas partes, e que todos os reféns possam finalmente voltar para casa e reencontrar seus entes queridos. Rezo muito por eles e por suas famílias — disse Francisco.
— Espero que todas as ajudas humanitárias cheguem o mais rapidamente e em grande quantidade à população de Gaza, que tem tanta urgência — completou o Papa, citando que "tanto os israelenses quanto os palestinos, precisam de sinais claros de esperança".
Por fim, o Papa orou pelo encerramento definitivo do conflito entre Israel e Hamas:
— Faço votos de que as autoridades políticas de ambos os lados, com a ajuda da comunidade internacional, possam chegar à justa solução para os dois Estados. Todos podem dizer sim ao diálogo, sim à reconciliação, sim à paz. Todos rezamos por isso: o diálogo, a reconciliação, a paz.
Entenda o acordo
A execução do plano, negociado para acontecer em três etapas, ocorre 470 dias depois do início do conflito. Após o gabinete de segurança israelense aprovar os termos do acordo, o texto foi ratificado pelo Gabinete de Governo, composto por todos os ministros da gestão do premier Benjamin Netanyahu.
O acordo começa, justamente, com a liberação de reféns. Na primeira fase, 33 israelenses devem ser entregues. A prioridade é a soltura de mulheres, crianças, idosos e feridos.
Neste domingo (19), três pessoas devem ser soltas. Conforme a lista divulgada pelo Hamas, os nomes a serem libertados são:
- Romi Gonen, 24 anos: sequestrada em uma emboscada enquanto tentava deixar o festival Supernova
- Emily Damari, 28 anos: a jovem tem nacionalidade britânica-israelense e foi sequestrada no Kibutz Kfar Aza, no sul de Israel
- Doron Steinbrecher, 31 anos: enfermeira veterinária que também morava em Kfar Aza e foi rendida dentro do próprio apartamento
A liberação de mais pessoas deve ocorrer gradualmente ao longo dos 42 dias — seis semanas — da primeira etapa do cessar-fogo. Israel acredita que a maioria dos reféns está viva. No entanto, o país não recebeu confirmação oficial do Hamas. Os corpos de cativos mortos também devem ser devolvidos.
Em troca, as forças israelenses pretendem liberar 95 prisioneiros palestinos, sendo 25 homens e 70 mulheres. Na lista, divulgada pelo Ministério da Justiça de Israel, está a parlamentar palestina Khalida Jarrar, 62 anos.
Além da liberação de reféns e prisioneiros, a primeira fase do acordo de cessar-fogo também prevê a retirada de tropas israelenses do território palestino. Isso deve permitir que a população da Faixa de Gaza volte para o norte da região, após a migração forçada para o sul com a eclosão do conflito, bem como o ingresso de ajuda humanitária.