Economistas norte-americanos realizaram estudos que indicam que o furacão Ian poderá gerar impactos a curto prazo no crescimento econômico da Flórida, que se prolongarão até o final de 2022. O furacão, de categoria 4 (em escala que vai até 5), chegou ao sudoeste do estado norte-americano em 28 de setembro e tem avançado para outras regiões, gerando fortes tempestades e chuvas torrenciais. O governo local informou que em decorrência disso, 23 pessoas morreram. Já veículos de comunicação, como a CNN, apontam que o número de vítimas fatais pode chegar a 45.
Ainda de acordo com a análise realizada pelos economistas, apesar dessa primeira fase de impactos na economia, a reconstrução e a recuperação do estado norte-americano impulsionarão sua produção econômica nos próximos anos. Uma estimativa inicial da Fitch Ratings, agência de classificação de risco, apontou que o furacão, que atingiu de forma rápida as comunidades da Flórida, trouxe um prejuízo entre US$ 25 bilhões (R$ 135,2 bilhões) e US$ 40 bilhões (R$ 216,4 bilhões) em perdas seguradas.
Conforme aponta o levantamento, as quedas de energia generalizadas, os aeroportos fechados e as estradas intransitáveis serão alguns elementos que retardarão a reabertura da economia na região. Além disso, mais danos são prováveis à medida que a tempestade se dirige para a Geórgia e a Carolina do Sul nos próximos dias.
Greg Daco, economista-chefe da consultoria global EY Parthenon, estimou que a tempestade pode reduzir a produção econômica da Flórida em cerca de seis pontos porcentuais no terceiro trimestre. Isso diminuirá cerca de 0,3 ponto porcentual do crescimento econômico nacional de junho a setembro e cerca de 0,1 ponto porcentual no quarto trimestre do ano.
— Espero que as pessoas parem de ir a restaurantes por um tempo. A vida noturna em Tampa provavelmente não será a mesma, pode haver algumas empresas que serão forçadas a fechar. Por outro lado, haverá carros destruídos, casas destruídas que precisam ser reconstruídas, e as pessoas sairão e gastarão dinheiro e isso aumentará o PIB (Produto Interno Bruto) — disse Tatyana Deryugina, economista da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, nos Estados Unidos.
Os economistas apontam que a longo prazo muitos desastres, como furacões, têm impactos econômicos relativamente modestos.
— Geralmente, os desastres naturais não têm efeitos estruturais sobre a atividade econômica. O que foi destruído acaba sendo reconstruído ou transformado — explicou Greg Draco.
Uma vantagem é que como na Flórida as grandes tempestades são recorrentes, o governo local está acostumado a lidar com esse fenômeno e consegue traçar estratégias para minimizar seus efeitos. Em maio, o estado reservou US$ 2 bilhões (cerca de R$ 10,8 bilhões) para ajudar as seguradoras a lidar os impactos que seriam gerados.
— Isso (reserva econômica) ajudou a estabilizar os custos de empréstimos para o estado e seus governos locais, que devem ajudar na reconstrução — afirmou Denise Rappmund, analista sênior da empresa globoal Moody's Investors Service.
A pequena cidade de Mexico Beach, na Flórida, se recuperou relativamente rápido do furacão Michael em 2018, de acordo com relatório da Moody's. Nesse ano, a tempestade destruiu cerca de 1,6 mil unidades habitacionais na região. No entanto, conforme o relatório, um ano depois, 160 propriedades foram vendidas e os preços dos terrenos voltaram para os valores que tinham antes da tempestade.
Efeitos do furacão
O governador da Flórida, Ron DeSantis decretou desde 27 de setembro, um dia antes da chegada do furacão, estado de emergência em 67 condados.
Nesse mesmo dia, o presidente norte-americano Joe Biden permitiu a liberação de fundos de ajuda federal e afirmou que o furacão Ian poderia ser o mais mortal da Flórida.
Na madrugada de 27 de setembro, o furacão chegou a Cuba e gerou um apagão generalizado no país, já que o fenômeno ocasionou danos à rede elétrica.
O furacão chegou em Cuba pela província de Pinar del Río, que fica a 375 quilômetros da Flórida. Em seguida, avançou pelo Estado norte-americano com ventos de 195 km/h e a uma velocidade de 17km/h.
Depois que chegou nos Estados Unidos, o fenômeno enfraqueceu e se transformou em tempestade tropical, mas em seguida voltou a ganhar força e retornou à categoria de furacão.
Segundo levantamento realizado pelo Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês), até o momento o Ian ocasionou a devastação de diversas cidades da Flórida e deixou milhões de pessoas sem energia elétrica. Além disso, de acordo com o governo local, 23 mortes já foram confirmadas e 700 resgates foram realizados.
O site especializado PowerOutage informou em 29 de setembro que mais de 3 milhões de residências ou comércios da Flórida (de um total de 11 milhões de instalações) permaneciam sem luz.
Conforme o Ian avança pela Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia, os especialistas temem que mais inundações ocorram. Marés de tempestade e rajadas fortes podem comprometer ainda mais a situação das cidades.