O ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, chegou ao Marrocos na noite desta terça-feira (23) para reforçar sua cooperação em segurança, um marco na história desses dois países um ano após a normalização de suas relações.
Antes de deixar Tel Aviv, Gantz evocou "uma importante viagem ao Marrocos que tem toques históricos porque é a primeira visita formal de um ministro da Defesa a este país", segundo declarações a jornalistas.
"Vamos assinar acordos de cooperação e continuar a estreitar as nossas relações. É muito importante que esta viagem seja um sucesso", insistiu.
Gantz permanecerá até quinta-feira no Marrocos, onde assinará um acordo para "estabelecer as bases de futuras relações de segurança entre Israel e Marrocos", disse uma fonte à AFP sobre a visita.
Os dois países estabeleceram relações diplomáticas no início dos anos 1990, mas o Marrocos as rompeu no início da segunda Intifada, a revolta palestina do início dos anos 2000.
Ambos os países restabeleceram as suas relações em dezembro passado no âmbito dos "Acordos de Abraão", um processo de normalização entre o país hebreu e as nações árabes, com a aprovação do governo Trump.
Neste contexto, Washington reconheceu a soberania marroquina no Saara Ocidental, território reclamado pelos independentistas saarauis da Frente Polisário, que contam com o apoio da Argélia.
Gantz chega a Marrocos depois que a Argélia rompeu relações com Rabat em agosto, devido às "ações hostis" do reino marroquino, e à decisão da Frente Polisário na sexta-feira de "intensificar" a luta armada no Saara Ocidental.
Para Bruce Maddy-Weitzman, especialista em relações entre Israel e Marrocos da Universidade de Tel Aviv, a primeira visita de um ministro da Defesa israelense ao país em plena tensão com a Argélia não parece acidental.
"É possível que num contexto de tensão entre Argélia e Marrocos, os marroquinos queiram mostrar ao mundo a profundidade das suas relações com Israel, com tudo o que isso implica", afirma o analista.
Essa abordagem tem detratores. Uma coalizão pró-palestina de partidos de esquerda, ONGs e islâmicos convocou uma manifestação em Rabat contra o "criminoso de guerra Gantz", chefe do gabinete durante a guerra de 2014 em Gaza.
* AFP