
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta sexta-feira (26), que espera resolver o impasse dos navios iranianos parados há quase 50 dias no porto de Paranaguá, Paraná, sem "criar qualquer rusga" com os Estados Unidos (EUA).
— Nosso governo está alinhado, sim, com o governo (norte-americano, de Donald) Trump. Estamos entrando em contato, temos conversado desde ontem com o embaixador do governo americano nessa questão, tem a decisão do (presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias) Toffoli. Agora, bancos não querem, outros, né, não querem receber o recurso para esse reabastecimento do navio — afirmou o presidente brasileiro.
— Então espero que nas próximas horas, ou até no máximo segunda-feira, a gente resolva esse problema sem criar qualquer rusga com os Estados Unidos — afirmou ele a jornalistas no Palácio da Alvorada.
Bolsonaro já tinha comentado o assunto na última semana e defendido o alinhamento com Washington.
— Existe esse problema, os EUA, de forma unilateral, têm embargos levantados contra o Irã. As empresas brasileiras foram avisadas por nós desse problema e estão correndo risco nesse sentido — afirmou o presidente na sexta (19).
No domingo (21), Bolsonaro reafirmou sua posição.
— Sabe que nós estamos alinhados à política deles. Então, fazemos o que tem de fazer — disse o mandatário.
Nesta quarta-feira (24), Toffoli determinou que a Petrobras forneça combustível para as embarcações. A estatal vinha se negando a vender combustível para os dois navios, sob a justificativa de que as embarcações estão na lista de empresas sancionadas pelos Estados Unidos. O argumento é que a própria Petrobras poderia vir a sofrer penalidades pelas autoridades americanas — visão também do chanceler Ernesto Araújo.
A decisão do Supremo argumenta que a empresa brasileira Eleva Química — responsável pelas embarcações — não está na lista de agentes que são alvo de sanção pelos EUA. Ainda segundo Toffoli, a empresa não poderá sofrer sanções americanas, já que o abastecimento será feito por decisão judicial.
As embarcações trouxeram ureia ao Brasil e deveriam retornar com milho ao país persa. Bavand já tem embarcado quase 50 mil toneladas de milho, e o Termeh aguarda o carregamento de outras 60 mil toneladas. A carga é avaliada em aproximadamente R$ 100 milhões.
Toffoli também argumentou prejuízos causados à balança comercial do país com o Irã, que é o maior comprador de milho brasileiro.