Uma loira de 25 anos, bailarina, natural da Moldávia, uma ex-república soviética, acrescentou um toque novelesco ao naufrágio do Costa Concordia, há uma semana.
Domnica Cemortan estava sentada na sala ao lado da ponte de comando do navio na hora em que a embarcação chocou-se contra as rochas da ilha de Giglio.
O que fazia no local ainda é um mistério. Em entrevista à emissora italiana Journal TV, a jovem contou que acompanhou pela janela as manobras do capitão Francesco Schettino.
Ela disse que fazia parte da tripulação e, portanto, tinha permissão para ficar com os outros oficiais. No entanto, seu nome não aparece nem na lista de tripulantes nem na de passageiros. Na entrevista, ela defendeu as atitudes de Schettino, que abandonou o navio antes de todos os passageiros.
- Ele fez um trabalho extraordinário, toda a tripulação está solidária a ele e acredita que ele salvou mais de 3 mil pessoas - afirmou Domnica.
Domnica teria jantado com o capitão. Naquela noite, usava vestido preto sem mangas. Schettino foi visto comendo no restaurante mais chique do Costa Concordia vestido com o uniforme. O comandante teria comido e bebido vinho em abundância. Domnica negou que ele tivesse bebido.
- Todas as acusações contra ele são absurdas - declarou.
A jovem disse ter abandonado o navio às 23h50min (20h50min em Brasília). Ela afirmou ter alcançado um bote salva-vidas e comemorou o fato de ter ajudado outros passageiros a fugir da embarcação.
Perguntada sobre onde estava o capitão no momento em que ela saiu, Domnica respondeu:
- O comandante ainda estava trabalhando.
Antes da entrevista, jornais italianos já haviam denunciado a presença da mulher na ponte de comando. Os dois teriam inclusive fugido no mesmo bote. Segundo testemunhas, Schettino já tinha ido para a terra à 0h30min (21h30min em Brasília). Ele não voltou a bordo.
Empresa diz que garota embarcou regularmente
Domnica disse que estava no cruzeiro a trabalho, como tradutora. Ela explicou que foi por causa de sua função que se reuniu com os oficiais na cabine de comando do navio no início do naufrágio.
A Costa Crociere, empresa que administra o Costa Concordia, disse que a jovem embarcou "regularmente" e prometeu entregar o cartão de embarque da garota à Justiça.
A promotoria de Grosseto, no entanto, aposta na hipótese de que o acidente tenha sido produzido pela falta de atenção do capitão Schettino e, por isso, quer interrogar Domnica. Schettino, que passou por exames toxicológicos, afirmou ontem:
- Não bebo e não me drogo.
O capitão admitiu a culpa pelo acidente. Em depoimento à promotoria, ele disse que "conhecia muito bem as profundidades da zona (perto da ilha de Giglio)", mas ordenou "muito tarde" a volta.
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