
Em ligação telefônica de pouco mais de três minutos, na manhã desta sexta-feira (18), o ex-presidente do Inter Vitorio Piffero evitou comentar as recentes revelações de que dois ex-vice-presidentes do clube — Pedro Affatato, de Finanças, e Emídio Ferreira, de Patrimônio, ambos da sua gestão — assinaram notas fiscais da empreiteira Keoma, que cobrou R$ 5,3 milhões do clube entre 2015 e 2016 por obras não realizadas ou não identificadas pela consultoria EY (antiga Ernst & Young). O proprietário da Keoma já veio a público afirmar que a sua empresa jamais prestou qualquer serviço ao Inter.
Piffero também não comentou a revelação desta sexta-feira, feita pelo Grupo de Investigação da RBS (GDI), de que o engenheiro Ricardo Bohrer Simões foi, a partir de 2015, responsável técnico das empresas Pavitec e Pavway, ambas de propriedade do ex-vice-presidente de Patrimônio colorado Emídio Ferreira. Simões era ligado a três empresas — Pier Serviços, Keoma e Egel — que receberam R$ 6,9 milhões do Inter em 2015 e 2016 por serviços não encontrados ou não realizados.
Confira abaixo a entrevista com Piffero
Presidente Piffero?
Eu.
É José Luís da Zero Hora, bom dia...
Não, não é um bom dia. Não é bom dia.
A gente gostaria de conversar com o senhor a respeito desses últimos fatos revelados...
Fatos para ti. Tu pega o seguinte. Pega a auditoria da Baker Tilly que tu botou só uma frase na tua primeira reportagem dizendo não tem contrato. Com aquilo ali tu demonstra que tu tem auditoria. Concorda comigo? O relatório...
Aqui é Carlos, o que o senhor quer dizer a respeito da Baker Tilly?
Vocês têm o documento da Baker Tilly?
Sim.
Aonde está escrito ali, que vocês colocaram na primeira reportagem, não tem contrato. Se tu ler os três parágrafos seguintes, explica as obras.
Não é exatamente isso. Ele cita, dentro de um contexto de dois anos de obras, que foram apenas 10 obras em que foram feitos processos de cotação de preços. E essa cotação, inclusive, foi feita toda ela com empresas (clientes) do contador Adão Silmar, inclusive as empresas que perdiam.
Tu pega a auditoria da Baker Tilly e lê...
Já li.
Essas notas que vocês publicaram agora são de 2015. Elas estão ali. Incluídas ali. Auditadas pela Baker Tilly, que não é auditoria do Inter, é do Conselho Fiscal.
Essas notas da Keoma não estão auditadas ali?
Se são de 2015, estão. Pega a auditoria e lê com olhos corretos.
Mas o dono da Keoma disse que nunca fez obras para o Inter...
Isso não me interessa. Pega a auditoria e lê. E põe o que ela escreveu. Só isso.
A auditoria diz que não tem contrato...
Diz que tem cotação, tem medição e eles vistoriaram, inclusive, as fotografias das obras.
Mas isso se refere a apenas 10 obras. As empresas que perdiam eram todas (clientes) do escritório do Adão Silmar.
Estou me baseando nos documentos que o Internacional tem, e que o Internacional passou para vocês, e que vocês publicaram uma parte.