Edimilson Antonio Dias, 74 anos, saiu de casa no final da tarde de quinta-feira (16), quando já havia passado o pior da chuva em Florianópolis. Ainda garoava quando ele estava na rua onde mora em Santo Antônio de Lisboa, no norte da ilha, quando o asfalto cedeu (veja vídeo abaixo).
— Não havia buraco. O carro caiu. O airbag veio no meu rosto, o cinto comprimiu minha costela e começou a sair fumaça. Pensei que ou ia morrer queimado ou, se me jogasse, a água me levaria — conta.
Neste sábado (18), quando a reportagem de Zero Hora esteve no local, ele saía de casa para voltar ao atendimento médico e olhava, ainda atônito, para o que antes era seu veículo dentro de uma cratera de cerca de quase 10 metros.
— Foi uma eternidade. Um horror mesmo. Jogaram uma corda muito fina, aquilo foi me apertando e eles me puxavam pelo asfalto. Moro no pôr do sol mais lindo da ilha e, de repente, me acontece uma coisa dessas. Foi a primeira vez que me deparei com a sensação de uma iminente morte, e isso mexe com a gente.
Situação na BR-101
Assim como na Estrada Caminho dos Açores, um buraco semelhante também está aberto no km 181 da BR-101, em Biguaçu. O trecho está completamente bloqueado. Para passar para o norte de Santa Catarina, é necessário fazer um desvio em Palhoça, entrando no contorno viário.
Para quem vem do Rio Grande do Sul, o trânsito segue sem bloqueios na BR-101 até Florianópolis. O único bloqueio provocado pela chuva é em Biguaçu, após a ilha.
Chuva do mês em um dia
Em Florianópolis, choveu mais do que o esperado para o mês inteiro em apenas um dia. Moradores de Monte Verde tiveram as casas invadidas pela água. O sábado amanheceu com sol e com poucos alagamentos ainda são vistos. Mas ainda há previsão de chuva para o final do dia e para o domingo (19).
Conforme a Defesa Civil, os modelos de previsão do tempo disponíveis apontavam uma condição de chuva em torno de 50mm a 70mm para a região entre a Grande Florianópolis e litoral norte catarinense. Porém, em Florianópolis, choveu cerca de 350 milímetros em 24 horas.
Até o momento, 13 municípios catarinenses decretaram situação de emergência. Uma pessoa morreu, 1.039 estão desabrigadas e 1520 chegaram a ficar desalojadas, sendo que algumas já puderam retornar depois que á agua baixou.