Por Maira Petrini, professora, doutora e pesquisadora da Graduação e Pós-Graduação em Administração da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Líder Nodo de Impacto e Farol Social Hub do Tecnopuc
A educação ambiental (EA) tem sido reconhecida como um elemento essencial para o alcance de um desenvolvimento sustentável. A declaração proposta na Conferência de Tbilisi (1977) é considerada um dos marcos da história da EA. Nela são estabelecidos cinco objetivos: conscientização, conhecimento, atitudes, habilidades e participação ativa.
Fornecer conhecimento sobre o meio ambiente, seus problemas e sua interconexão com as atividades humanas faz parte da EA, mas não se resume a isso. A EA tem como objetivo formar indivíduos conscientes, aumentando a conscientização e o conhecimento sobre questões ambientais, críticos, estimulando a reflexão crítica sobre a relação entre sociedade e natureza, e habilitados para lidar com desafios relacionados ao meio ambiente. Busca-se desenvolver novos padrões de comportamento entre indivíduos, grupos e a sociedade como um todo, provocando seu engajamento ativo na solução de problemas ambientais.
Desafios e potenciais: ressignificando a educação ambiental
Embora a educação ambiental esteja se consolidando como um elemento-chave em agendas globais de ESG (Environmental, Social, and Governance), alguns desafios persistem.
Por um lado, a integração da educação ambiental nos currículos escolares permanece desigual em muitos países, e a falta de recursos e capacitação continuada para educadores é um obstáculo contínuo. Sem um apoio adequado, muitas iniciativas acabam se tornando pontuais, incapazes de gerar impacto de longo prazo.
Inúmeras iniciativas ainda se limitam à transmissão de informações. Nesse sentido, é necessário estar atento para projetos que se tornam ferramentas de greenwashing para empresas, desviando o foco da mudança estrutural necessária.
Por outro lado, iniciativas que integram a educação ambiental às realidades locais e promovem soluções cocriadas com a comunidade não apenas sensibilizam, mas empoderam os indivíduos a se tornarem agentes de transformação. Programas de EA com ações que endereçam problemas ambientais locais promovem maior engajamento dos indivíduos. Por meio de atividades práticas, como o plantio de árvores, compostagem e a restauração de habitats, os alunos fortalecem sua conexão com a natureza e ampliam seu comprometimento com a preservação ambiental. Citando Paulo Freire, "Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo" (FREIRE. 1979, p.84).
Dessa forma, a educação ambiental não só prepara os indivíduos para lidar com os desafios ecológicos, mas os inspira a serem protagonistas da mudança. Como já disse Barack Obama: "Somos a primeira geração a sentir os efeitos das mudanças climáticas e a última que pode fazer algo a respeito".