Relacionar o indivíduo ao mundo em que ele vive é ponto de partida para que a educação ambiental seja efetiva. Para isso, é preciso haver entendimento sobre o entorno social e geográfico em que se habita — conhecimento que é papel de escolas e demais instituições dissiparem.
O olhar para o entorno está entre as bandeiras de Rualdo Menegat, professor e pesquisador do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Responsável pelo Atlas Ambiental de Porto Alegre, uma referência na literatura da área, Menegat recebeu em 2024 o troféu Pena Libertária, promovido pelo Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Estado (Sinpro-RS). Ao caderno Retoma RS, de Zero Hora, compartilhou caminhos para a educação ambiental:
Conhecimento local e suas interrelações
A educação ambiental somente é efetiva quando está integrada a quatro pontos fundamentais. O primeiro ponto é o conhecimento do lugar onde se vive. Este entorno deve ser conhecido para se executar a reflexão e a ação ambiental.
Relacionar para entender
O segundo ponto da educação ambiental é que ela não é uma educação sem finalidade. Ela visa uma consciência do impacto humano no meio ambiente e vice-versa.
Programas de gestão
Nesse sentido, educação precisa estar voltada aos programas de gestão social, urbana e ambiental. São programas tanto de município, de Estado e das instituições às quais pertencemos.
Promover a participação
O quarto ponto é a participação. A educação ambiental visa formar cidadãos que tenham consciência da importância das suas atitudes para o resultado final. Sem participação, não há sucesso nos programas de gestão.
Perceber o entorno
A educação ambiental não é do mesmo tipo da matemática ou do português. Ela é, necessariamente, uma educação que traga percepção do entorno. Nós, cidadãos, perdemos as relações com o ambiente. A educação ambiental visa trazer uma nova percepção. Por isso ela é essencialmente prática.
Incluir a educação em vários níveis
A educação ambiental começa com as crianças, dando a elas a experiência de trabalhar com a terra, de ver uma planta nascer, de ver como é possível fazer compostagem dos resíduos orgânicos. Ou seja, de perceber os ciclos metabólicos que sustentam a vida. Em níveis mais avançados, é importante que a educação se dê também fora da escola. Mas não pode ser apenas um itinerário, um passeio. É preciso ser desenvolvido de maneira que produza conhecimento.
Educação além da escola
Todas as instituições devem desenvolver um sentido de territorialidade. Mesmo dentro das empresas, as pessoas precisam conhecer o local onde estão para contribuir com o entorno. A educação ambiental precisa fazer parte da cultura das empresas.
Pensar a educação ambiental em um século de mudanças
O aquecimento global é um indicador de que o clima muda, mas o clima é tudo o que nos rodeia. Num século em que temos que entender as mudanças, é essencial entender o ambiente em que cada um está vivendo e, neste contexto, promover a gestão ambiental.