A prefeitura de Lajeado, no Vale do Taquari, não trabalha com a possibilidade de a inundação destes dias superar a enchente de maio. A informação foi dada pelo prefeito Marcelo Caumo, durante o programa Timelime da Rádio Gaúcha, nesta segunda-feira (17).
— Não temos perspectiva de inundação como a parecida com a do começo de maio. Esperamos o rio atingir em torno dos 25 metros — afirmou o chefe do Poder Executivo do município.
Nesta manhã, a correnteza do Rio Taquari estava intensa. A prefeitura teme a água que chega vinda de outras cidades da região, pois as zonas ribeirinhas podem sofrer alagamentos. Se a cota chegar aos 25m, o processo de remoção de famílias será colocado em prática.
Os bairros Centro, Hidráulica e Universitário são alguns dos mais atingidos. Há ruas inundadas e interditadas para a passagem de pedestres e veículos. Ainda se veem casas destruídas e árvores caídas da cheia do mês passado.
— Não temos nenhum modelo de cotas de inundação. Temos perspectiva — menciona o prefeito, orientando a população a acompanhar as atualizações pelos canais oficiais.
Com a chuva do fim de semana, mais 50 famílias foram levadas para o Parque do Imigrante, onde outros 130 flagelados permanecem acolhidos desde maio.
As medições feitas na Rua Oswaldo Cruz, às margens do Rio Taquari, exibem elevação do nível da água. Às 11h45min desta manhã, a altura estava em 23m20cm, o que representava uma subida de 20cm em relação à medição feita uma hora antes.
De acordo com a Policia Rodoviária Federal (PRF), a ponte da BR-386 só será bloqueada a partir da cota 28.
Transtornos recorrentes
As aulas da rede municipal ocorrem normalmente nesta segunda-feira. Apenas aqueles estabelecimentos que foram alagados é que não tiveram aulas neste dia. O pedreiro Antônio Severino, 60 anos, trabalha no Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat), local bastante alagado novamente na região central de Lajeado.
— Nunca vi isso na minha vida. E jamais pensei que a água do Rio Taquari chegaria até aqui — relata.
A dona de casa Aline Batista, 34, mostrava o sofá dela em cima do ginásio do Ceat. O móvel está lá desde a enchente de maio.
— Aqui está bem complicado. O Ceat começou a inundar em torno das 4h desta madrugada — diz.
O aposentado Astor Costa, 63, estava ajudando o irmão a tirar coisas de dentro de casa em Lajeado. Morador de Cruzeiro do Sul, Astor perdeu tudo e vive temporariamente longe do lar.
— Nosso receio agora é voltar a chover aqui em Lajeado — resume enquanto olhava para a Rua Capitão F. Leopoldo Heineck alagada.
A enchente de maio afetou 16% da cidade. Tanto que cerca de 10% dos atingidos ainda seguem em abrigos. A queda na arrecadação do município gira em torno de 6% a 7%, o que significa uma perda de R$ 8 milhões a R$ 10 milhões.