Tem gaúcho que sabe se adaptar à pandemia e que não vai deixar o 20 de Setembro passar sem comer um bom churrasco no tradicional piquete, que normalmente ocupava o Acampamento Farroupilha. É o caso do advogado Beto Zaccaro, 59 anos, que pegou a estrutura de madeira e telhas do piquete da família, o Laços de Amizade, e montou na área externa de casa. A cultura gaúcha está tão presente, que ele seguiu levando os costumes até para o teletrabalho.
— É um estilo de vida! Por exemplo, eu estou fazendo home office de bombacha e alpargata. Tu entra no meu carro e só vai ouvir chamamé, vaneirão e milonga. Os meus amigos frequentam a minha casa de bombacha, pilchado (...). Vamos falar de política, de tudo, mas sempre pilchado, na volta do fogo, inventando umas comidas de panela, campeira — conta.
Beto é morador do Belém Novo, na zona sul de Porto Alegre, e conta que a região tem a cara do gaúcho.
— Vou puxar brasa por meu assado, mas é o melhor bairro de Porto Alegre. Tu vai encontrar sempre um cara de bombacha, um cara e um piá andando a cavalo. É um bairro muito gaúcho, e eu consegui me criar e criar o meu filho aqui.
O advogado pode ser considerado um veterano quando o assunto é Acampamento Farroupilha. Ele diz que há mais de 20 anos, participava de um piquete na Redenção, onde os amigos levavam os cavalos e saíam a desfilar na Avenida João Pessoa, no dia 20 de Setembro, que era onde ocorria o Desfile Farroupilha. A função era no meio de barracas de lona e corridas de cavalo, que chamavam a atenção de quem passava pela região.
Para este feriado, a animação vai seguir e não vai faltar o bom e velho churrasco, com direito a costelão no piquete de casa.
— Com certeza, vamos fazer um janelão ali na brasa, tocar umas gaita (sic), dizer uns versos e ficar na volta do fogo!