Os investigadores do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) ainda não arriscam uma hipótese para a queda do avião que matou o cantor Gabriel Diniz e dois outros ocupantes, na segunda-feira (27). Apesar de velha, a aeronave, um Piper Cherokee fabricado em 1974, estava com Certificado de Aeronavegabilidade e inspeção mecânica em dia.
Mesmo sem arriscar opiniões em público, os peritos trabalham com duas possibilidades: algum tipo de falha mecânica ou erro de pilotagem, por desorientação. Elas costumam ser as causas mais comuns de acidentes no Brasil. No registro da ocorrência, o Cenipa descreveu o acidente como "perda de controle em voo".
A hipótese de pane mecânica é reforçada por duas informações. Testemunhas disseram que o motor do avião falhava próximo ao momento em que ocorreu o acidente. Além disso, o delegado da Polícia Federal que investiga o caso, Márcio Alberto, informa que as equipes da Aeronáutica recolheram um pedaço da aeronave que estava a cerca de 400m do local do impacto. Isso pode significar que o Piper perdeu alguma peça que deixou o aparelho sem controle. Não seria incomum, em se tratando de uma aeronave antiga.
Já a hipótese de erro humano seria a chamada Perda de Controle em Voo ou CFIT (sigla em inglês que significa Colisão com o Solo em Voo Controlado). Ela ocorre em decorrência da desorientação espacial do piloto, quando ele não percebe sua correta posição e orientação em relação à terra. Em geral ocorre com voos de visibilidade reduzida, entre nuvens ou chuva e também noturnos. É erro do piloto na programação e leitura dos parâmetros dos equipamentos de bordo, por desconhecimento do terreno e seu relevo.
Isso pode ocorrer em decorrência de tempo instável. E imagens registradas pelo satélite do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens (Lapis) mostram que havia tempestade na região de Estância, em Sergipe, no momento do acidente com avião. De acordo com o meteorologista Humberto Barbosa, é possível afirmar que havia pancadas de chuva forte e ventos intensos ao longo do litoral sul do Estado. Ele reforça que não era aconselhado sobrevoar a área nestas condições.
É possível também que vários fatores tenham se somado, como é regra em desastres aéreos. O vento forte pode ter inclusive arrancado alguma peça da aeronave, provocando perda de controle. O fato de a aeronave ter mergulhado quase de ponta num mangue, sem tentativa aparente de pouso, indica perda de controle (por desorientação do piloto ou falha em alguma peça estrutural, como os lemes que propiciam direção). Além disso, o Piper Cherokee tem um só motor, o que sempre é grave em momentos de falha.