A J&F, controladora da JBS, foi beneficiada em disputa com a Petrobras após executivo do grupo entregar mala com R$ 500 mil a Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial do presidente Michel Temer. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
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Em 28 de abril, Rocha Loures foi filmado saindo de um encontro com o executivo Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais da J&F, em uma pizzaria de São Paulo carregando mala com R$ 500 mil. O pagamento teria sido feito para garantir os interesses do grupo em acordo com a Petrobras.
A empresa de Joesley Batista acionou a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para apontar suposto abuso de poder econômico praticado pela Petrobras no fornecimento de gás a Âmbar, empresa da J&F no ramo de energia.
A superintendência abriu inquérito contra a estatal em 2016 após as reivindicações da Âmbar. Em março deste ano, Joesley pediu que Rocha Loures defendesse os interesses do grupo no Cade em troca de dinheiro. No mesmo momento, o ex-deputado ligou para Gilvandro Vasconcelos, presidente do conselho na época, que passou a solicitação para Eduardo Frade, superintendente-geral. Rocha Loures, que chamou os funcionários do Cade de "nossos meninos", usou o viva-voz do celular para que Joesley pudesse ouvir as tratativas.
Uma semana após o pedido de Rocha Loures ao Cade, a empresa controlada pela J&F solicitou que a superintendência do conselho determinasse que a Petrobras entregasse gás fornecido pela Bolívia por valor 2,5% acima do preço de custo da estatal – US$ 4,40 por milhão de BTU. Após o pedido, a superintendência reuniu as duas empresas. Após o encontro, Petrobras e a Âmbar assinaram acordo que vale até dezembro deste ano. No contrato, considerado melhor pela empresa do grupo J&F, Petrobras cobrou US$ 6,07 por milhão de BTU de gás.
De acordo com a Folha, a superintendência tentou cancelar o inquérito contra a estatal junto a Âmbar, mas a empresa negou a solicitação. O processo ainda está tramitando. No início de junho, a Petrobras cancelou o contrato após a divulgação das delações da JBS.
Segundo a Folha, as duas empresas negaram interferências do Cade nas negociações.