Um dos principais nomes do PSDB em Santa Catarina e integrante da alta cúpula do partido em Blumenau, o senador Dalirio Beber aparece como suspeito de intermediar um pagamento de R$ 500 mil em 2012 à campanha a prefeito do também tucano Napoleão Bernardes. Nas cinco páginas do inquérito de número 4.457, o relator ministro Edson Fachin o aponta como suposto articulador para o recebimento do dinheiro que seria, segundo o documento do Supremo Tribunal Federal (STF), "com o objetivo de buscar apoio à manutenção dos contratos de saneamento de água e esgoto" da empresa Foz do Brasil – hoje Odebrecht Ambiental.
Na cidade, Beber é tido como o mentor intelectual, padrinho político e principal referência do atual prefeito. Mesmo que nunca tenha sido eleito – já que assumiu o Senado Federal por ser primeiro suplente de Luiz Henrique da Silveira (PMDB), falecido em 2015 –, o senador vem em uma carreira ascendente em Brasília. Embora sempre tenha dito que não é candidato à reeleição, nos bastidores a possibilidade de que Beber concorresse, sim, ao cargo em 2018 era sólida.
Último colocado nas eleições de 1996 para a prefeitura de Blumenau – com 11,2% dos votos válidos –, Dalirio Beber historicamente teve a característica de ser o articulador político do PSDB, e não a principal figura para o público. Esse contexto, inclusive, foi o fator determinante para o convite de Luiz Henrique para que Beber fosse seu suplente, em 2010, já que quatro anos antes ambos haviam sido os cabeças na composição da chamada "tríplice aliança", que levou o peemedebista pela primeira vez ao governo do Estado. Politicamente, o atual senador chegou a estar à frente do Badesc e da Casan e em 2003 foi presidente estadual de sua sigla.
Por ter sido primeiro suplente de Luiz Henrique, as contas da campanha de 2010 de ambos foram feitas em conjunto. O total arrecadado pelo então senador eleito foi de R$ 3,16 milhões – englobando grandes repasses lícitos feitos por empresas como Votorantim (R$ 500 mil) e até mesmo pelo empresário preso Eike Batista (R$ 200 mil).
A reportagem tentou contato com o senador Dalirio Beber durante a tarde desta terça-feira, porém sua secretária disse que ele estava em plenário e que, na sequência, retornaria a ligação. O tucano não entrou em contato e se manifestou através da nota abaixo:
O que diz Dalirio Beber (PSDB):
Recebo com surpresa a inserção do meu nome no rol dos investigados. Não tive, até o presente momento, qualquer acesso ao processo para conhecer o conteúdo do que me é atribuído. Rechaço com veemência toda e qualquer denúncia de prática de ilícitos.Estou indignado, mas absolutamente tranquilo, pois minha consciência em nada me acusa.Digo à sociedade brasileira, em especial aos catarinenses, que sempre confiaram em mim, que espero que rapidamente a verdade seja restabelecida.Neste momento, coloco-me inteiramente à disposição da Justiça.
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