O jornal The New York Times confirmou hoje a morte do seu ex-repórter Sydney Schanberg, vencedor do maior prêmio mundial de jornalismo, o Pulitzer, pela série de reportagens sobre a ditadura comunista do Khmer Vermelho no Camboja. Schanberg, 82 anos, faleceu em decorrência de um infarto sofrido na última terça-feira.
A história pessoal desse repórter inspirou o filme Os Gritos do Silêncio, de 1984, dirigido por Roland Joffé e vencedor de vários Oscar. Schanberg trabalhou durante muitos anos para o NYTimes na Indochina e testemunhou a tomada do poder no Camboja por aquela que é considerada a mais cruel guerrilha já surgida no Extremo Oriente, o Khmer Vermelho.
Enquanto os diplomatas e jornalistas fugiam daquele país, Schanberg e seu assistente Dith Pran permaneceram na capital cambojana, para informar sobre as tropas lideradas pelo tirano comunista Pol Pot, em 1975.
Ele foi um dos poucos jornalistas americanos a permanecer em Phnom Penh depois que o Khmer Vermelho assumiu o controle da cidade, em 1975. Nos anos seguintes, 1,7 milhões de pessoas foram executadas ou morreram por causa da tortura, enfermidade e fome durante o reinado do terror do grupo marxista Khmer Vermelho.
– É difícil imaginar como suas vidas poderiam ser pior do que como foi sob o governo apoiado pelos americanos. Mas piorou – definiu Schanberg, ao relatar os primeiros meses do governo do Khmer.
Schanberg conseguiu escapar para Nova York e, lá, escreveu relatos sobre o horror vivenciado no Camboja. As reportagens deram a ele em 1976 o Prêmio Pulitzer de Reportagem Internacional. Schanberg trabalhava no The New York Times desde 1959. Ele passou grande parte da década de 1970 no sudeste da Ásia como correspondente do Times. Pelas sua reportagens, ganhou duas vezes, em 1971 e 1974, pela excelência em jornalismo, o Prêmio George Polk.
Em 1980 ele publicou o livro A Morte e Vida de Dith Pran, no qual descreve a luta pela sobrevivência de seu assistente e tradutor Dith Pran sob o regime do Khmer Vermelho. Pran conseguiu fugir do Camboja, foi levado aos EUA e lá reencontrou Schanberg.
Pran morreu de câncer no pâncreas em 30 de março de 2008, nos Estados Unidos, aos 65 anos de idade.
A obra inspirou o filme de 1984 The Killing Fields (Os Gritos do Silêncio), em que Schanberg foi interpretado por Sam Waterston. O filme ganhou em 1985 os prêmios Oscar de melhor ator coadjuvante (Haing S. Ngor, no papel de Dith Pran), melhor fotografia e melhor edição.