A Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) de Canoas prendeu, na manhã desta quinta-feira, uma quadrilha responsável por roubar carros em estacionamentos de shoppings, supermercados e outros estabelecimentos comerciais. Os alvos do bando eram mulheres em carros de luxo, preferencialmente sozinhas – ainda que, em uma das ocorrências, uma delas estava acompanhada de uma criança de colo. Na ação, que envolveu mais de 50 policiais, sete suspeitos foram detidos – seis homens e uma mulher.
Os bandidos abordavam as vítimas em dupla, monitorados por outros comparsas em um carro. Quando não levavam o veículo, mantinham as vítimas reféns, com o intuito de sacar dinheiro em terminais eletrônicos. No dia 4 de janeiro, uma empresária de 33 anos, que pediu à reportagem para não ser identificada, foi abordada após guardar as compras do supermercado no carro. Armado, um homem a obrigou a dirigir por cerca de 20 minutos, de Canoas a Esteio. Enquanto guiava, o indivíduo lhe pedia dinheiro em troca da liberação do automóvel.
– Ele disse que por R$ 5 mil liberava o carro. Perguntava quanto eu tinha de dinheiro, que se não desse o valor iria "passar o carro adiante". Cheguei a oferecer R$ 2 mil, mas não aceitou. Uma semana depois, ligou para meu marido pedindo R$ 1,5 mil para eu recuperar o carro – contou a vítima, que teve o automóvel encontrado pela polícia, mas aguarda a perícia liberar o veículo há mais de mês.
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Cinco roubos foram confirmados em Canoas e outros dois, em Porto Alegre, estão sendo investigados. Os crimes ocorreram entre dezembro de 2015 e janeiro deste ano. Com o auxílio de câmeras de segurança, a polícia conseguiu chegar ao grupo.
– Conseguimos recuperar boa parte dos veículos. Um deles, próximo à divisa com o Paraguai. Alguns dos suspeitos ostentavam nas redes sociais, postando fotos deles com os "carrões" que foram roubados. O material será anexado como prova no inquérito policial – disse o delegado Alencar Carraro, da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos de Canoas.
Na casa em que os sete foram presos, a polícia apreendeu R$ 15 mil em dinheiro, além de drogas, armas e munição. O grupo responderá por roubo triplamente majorado – ação com arma e refém –, além de associação criminosa. Os investigadores ainda suspeitam que o grupo traficava em festas da Região Metropolitana. Eles devem ser indiciados por posse de entorpecentes e associação ao tráfico.
Os policiais se surpreenderam com o perfil dos ladrões. Jovens, com idade entre 20 e 25 anos, sem antecedentes criminais, frequentadores de festas rave em Canoas, Esteio, Novo Hamburgo e demais cidades da região. Na noite, vendiam drogas como ecstasy, haxixe, cocaína, LSD, lança-perfume. Os sete foram encaminhados ao Presídio Central após optarem por responder apenas em juízo.
– São pessoas com bom nível de vida, todos classe média alta, sem antecedentes criminais. O nome disso se chama ostentação. Moram em casas de dois andares, com piscina. Era um grupo específico, que agia exclusivamente com o roubo de veículos. Um ainda está foragido, mas iremos capturá-lo – descreveu Dênis Lemke, chefe de investigações da DFRV.