A Polícia Civil de Santa Catarina solicitou a exumação do corpo de Ricardo Godoi, que morreu na segunda-feira (20) após receber uma anestesia geral para fazer uma tatuagem. O empresário e influenciador de 46 anos não foi submetido a exame cadavérico. Conforme o delegado responsável pelo caso, Aden Claus, o pedido já foi autorizado.
O caso ocorreu em um hospital particular de Itapema, no litoral norte catarinense. A família do empresário não registrou boletim de ocorrência, mas a polícia instaurou um inquérito após perceber incoerências na história.
— A família não registrou qualquer ocorrência. Nós tomamos conhecimento dos fatos através das redes sociais e, como a gente viu que a situação era complexa, muitas informações contraditórias, nós instauramos o inquérito policial, mesmo sem que a família tivesse nos acionado — explicou Claus ao g1.
Pedido de exumação
Conforme o delegado, quando a polícia conseguiu contatar uma familiar de Godoi, o corpo do empresário já havia sido enterrado na Capela do Vaticano, em Itajaí, cidade próxima a Itapema.
Dessa forma, não foi realizado o exame cadavérico. O procedimento que auxilia a determinar com precisão a causa da morte foi solicitado pela polícia.
— Foi explicado (para a familiar) que era muito importante que o corpo, antes do seu sepultamento, tivesse passado pelo exame pericial do médico legista para esclarecer, realmente, qual a razão da causa morte do Ricardo — declarou o delegado.
Na certidão de óbito, consta que Ricardo teve uma parada cardíaca, consequência do uso de anabolizantes. Conforme o delegado, a família falou que ele não fazia mais uso das substâncias há cinco meses e, por isso, teria realizado exames que constataram a aptidão para realizar a tatuagem.
O que diz o Conselho Regional de Medicina?
O Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) informou que, até a última terça-feira (21), o caso não havia sido oficialmente encaminhado ao órgão.
Contudo, em parecer emitido em junho de 2024, o CRM destaca que não há restrição à administração de anestesia para procedimentos como tatuagens. Desde que, o procedimento, seja acompanhado de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), explicando os riscos envolvidos.
"É necessária a obtenção de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), assinado pelo paciente ou responsável legal, contendo os principais riscos da anestesia, bem como a identificação do médico responsável pela sua realização. Como sugestão, um TCLE direcionado para o procedimento, informando que o paciente não será capaz de opinar/interagir como profissional durante a sedação/anestesia", diz o documento do CRM.
O que diz o estúdio de tatuagem
Por meio de nota, a Studio de Tatuagem, que realizou o procedimento no empresário, lamentou o caso reafirmou que o influenciador sofreu uma parada cardiorrespiratória no começo da sedação e intubação.
Leia a nota na íntegra:
"Primeiramente o Studio de Tatuagem lamenta profundamente o falecimento do Ricardo, que além de cliente era um grande amigo do proprietário do Studio. Esclarecemos que o Ricardo iria fazer conosco um fechamento de costas com anestesia geral, sedação e intubação. Para isso contratamos um hospital particular com toda equipe, equipamentos e drogas anestésicas necessárias para a segurança do procedimento. Contratamos também um médico com especialização em anestesiologia e experiência em intubação, que teve sua documentação aprovada pelo hospital.
Foram solicitados previamente exames de sangue, que não apontaram nenhum risco explícito [para] a realização do procedimento. O Ricardo assinou o termo de consentimento de risco do procedimento. O que ocorreu é que no começo da sedação e intubação ele teve uma parada cardiorrespiratória, que ocorreu antes mesmo de começarem a tatuarem ele, que foi verificado rapidamente e chamado um cardiologista para tentar reanimar ele, infelizmente sem sucesso".