Com menos dinheiro no caixa do Estado e baixo interesse da tropa, o veraneio de muita gente no Litoral gaúcho não terá o olhar atento de salva-vidas. A Operação Golfinho confirmou redução de até 15% do total de socorristas em comparação ao ano passado. Em média, de 20 guaritas à beira-mar no Litoral Norte, três estarão vazias.
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Mais: o programa, que começou oficialmente no dia 19 de dezembro, sequer deslanchou. O governo atrasou o pagamento das equipes responsáveis pelo treinamento de 900 profissionais, o que postergou a formação em quase um mês. Isso significa que mais metade dos salva-vidas previstos para a temporada só estará apta a trabalhar depois do dia 3 de janeiro.
De acordo com o major Cláudio Ricardo Pereira, coordenador administrativo da Operação Golfinho, o litoral Norte e Sul é atendido atualmente apenas por 400 salva-vidas. Desse total, somente 50 monitoram os banhistas das praias do Sul, como o Cassino e São José do Norte, por exemplo. Apesar de praias praticamente lotadas, cerca de 500 profissionais ainda passam por treinamento em Torres, Capão, Tramandaí, Cidreira e Cassino. No ano passado, a operação contou com 1.027 salva-vidas.
- A formatura deles ocorre dia 3 de janeiro, mas como há estágio operacional previsto no fim do curso, conseguimos suprir a demanda com o trabalho deles na virada do ano, desde o dia 31 de dezembro - explica o major.
A redução do número de salva-vidas, que pode chegar a 15% em diferentes praias, também é explicada pela baixa remuneração: o Estado banca uma diária de R$ 123, considerada insuficiente pelas entidades de classe. Esse dinheiro é usado para custear a alimentação e a estadia.
- Ninguém tem muito interesse pois é a diária só serve para se manter. No passado, as prefeituras cediam escolas, colchões. Hoje, os municípios estão quebrados e não oferecem nada - ressalta o presidente da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho (Abamf), Leonel Lima.
Sem salva-vidas, o major Pereira dá um conselho que vai desagradar muitos veranistas:
- A orientação é que o pessoal tome banho onde há salva-vidas, que se desloque se for necessário.
Temor em Arroio do Sal
Em Arroio do Sal, praia de maior extensão de orla no Litoral Norte, com 27 quilômetros, a estimativa é de que três das 23 guaritas não terão salva-vidas na temporada. O secretário de Turismo, Esporte, Indústria e Comércio do balneário, Mateus Coelho Ribeiro, aponta que apenas 10 guaritas estão ocupadas neste final de ano - e há horários em que não há um profissional sequer na orla.
- Todos anos estamos recebendo dos nossos veranistas solicitação de ampliação do efetivo, que não acompanha o crescimento da cidade e do número de visitantes. O cidadão nos procura diariamente para reclamar, se sente inseguro.
NÚMEROS
Números da Operação Golfinho do verão passado reforçam a importância dos salva-vidas. Somente no Litoral Norte, foram resgatadas 1.450 pessoas do mar. No mesmo período, em todo o RS, os socorristas realizaram total de 1.699 salvamentos.
Verão desprotegido
Litoral gaúcho tem metade do número previsto de salva-vidas em dezembro
Demais socorristas estão em treinamento e passam a atuar em janeiro
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