O fechamento da Rua Sete de Setembro, no entorno dos trilhos do trem, em Santa Maria, não agrada a comunidade, as lideranças comunitárias e nem os políticos, que protestaram contra a medida na manhã desta sexta-feira.
Cerca de cem pessoas foram até a rua, no cruzamento com os trilhos, para pedir que a rua não seja fechada definitivamente nos próximos dias. A previsão é de que o trecho seja bloqueado até a próxima terça, em cumprimento a uma decisão judicial (leia mais abaixo).
Ao longo da manhã, o grupo que participou do protesto bloqueava o trânsito em intervalos de cinco minutos. Foram quatro interrupções no total e a manifestação durou cerca de uma hora e meia. No final, um trem, que se deslocava pelos trilhos, foi impedido de passar por cerca de cinco minutos.
Rodrigo Santos, coordenador da União das Associações Comunitárias (UAC) e um dos organizadores da mobilização, explica que os manifestantes querem mostrar para a comunidade o impacto que o bloqueio vai causar na região. Ele não descarta a organização de novos protestos.
- Nossa intenção não era incomodar e atrapalhar o trânsito, mas fizemos o bloqueio para mostrar o transtorno que esse fechamento vai causar. Esse é um local histórico, que dá acesso a hospital, comércio e à casa dos moradores. A determinação vai impactar muito na vida da população, por isso a UAC é contra o fechamento _ defende Rodrigo.
A Rua Sete de Setembro é uma das principais ligações do Centro da cidade com a região Norte. Quando o trecho for bloqueado, alguma rua do entorno deve ser transformada em sentido único para a passagem dos ônibus. Atualmente, pelo menos 10 linhas circulam pela Rua Sete e passam pela rua mais de 400 vezes por dia.
A aposentada Rosa Maria dos Santos Striban, 60 anos, que mora no local há 47 anos, lamenta a decisão. Ela afirma ter receio de que os assaltos aumentem, e que o comércio do filho, que tem uma revenda de gás, seja prejudicado.
- O trem passa aqui no máximo quatro vezes ao dia, não tem porque trancar tudo. O meu filho vende gás há 20 anos, com o fechamento, o comércio dele e de todos os outros vai morrer. Duvido que alguém faça a volta para comprar aqui, vai preferir ir em um local mais próximo _ afirma a aposentada.
Entenda o caso
O trecho onde há os trilhos de trem, na Rua Sete de Setembro, deve ser fechado por blocos concreto para evitar a passagem de veículos e pedestres. O prazo para o fluxo ser interrompido é até a próxima terça-feira. A interrupção no local é resultado de um acordo, feito em 2004, entre prefeitura e Dnit. Com a conclusão das obras do viaduto da gare, a rua seria fechada. Como não foi, o município foi inscrito como inadimplente e o caso parou na Justiça. A decisão mais recente é que o que foi acordado, há 11 anos, seja cumprido.
Alternativa
No próximo dia 17, o deputado estadual Valdeci Oliveira (PT) e o prefeito Cezar Schirmer (PMDB) devem ir à Brasília, se encontrar com o deputado federal Paulo Pimenta (PT). Os três devem se reunir com representantes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e para negociar uma alternativa. A ideia é que no futuro, os blocos de concreto sejam substituídos por uma cancela eletrônica, para que o trânsito seja interrompido somente nos horários que o trem passa pelo trecho.