- Olha o que você me fez fazer com você.
Mulheres que já sofreram a rotina de agressões dentro de casa já ouviram essa frase. A arte de fazer a mulher acreditar que é culpada por apanhar é comum em milhares de casas.
Geralmente, o homem que bate na mulher é um fraco. Precisa, através da pancada, impor uma superioridade que não tem. Boa parte deles é esculachado na rua pelos amigos, tem impotência sexual ou ejaculação precoce, traumas de violência sexual ou física na infância e, em muitos casos, reprimem desejos homoafetivos.
Quer dizer que quem bate em mulher é gay? Óbvio que não. Quer dizer que muitos que guardam no íntimo o desejo reprimido de ser mulher agridem a companheira como se pudessem se vingar da natureza que deu a eles um pênis ao invés de uma vagina.
As mulheres, por sua vez, acreditam nas mensagens do soco: de que elas são mais fracas, que dependem dele para viver e que o mundo vai condená-las por serem vítimas. Essas mentiras são ditas todos os dias na violência física e psicológica.
Pare o ciclo
As mulheres que vi terem coragem de dar um basta na violência hoje vivem felizes, talvez, com menos conforto, mas de cabeça erguida. No fim das contas, de que adianta ter dinheiro para comprar um óculos escuro importado se ele serve para esconder o roxo dos olhos?
Na maioria das vezes, quando a Brigada Militar chega, esses metidos a valentes murcham as orelhas e gaguejam como se nem sequer falassem português. Sabemos que existem casos de mulheres mortas e mutiladas pelos monstros com os quais dividem a cama, mas denunciar é preciso.
Sem isso, o ciclo não vai parar. Olho roxo é a vida dando um recado: quem bate uma vez vai bater sempre.
Vítimas de crimes sexuais podem adiar denúncias devido à vergonha e ao medo de reviver o trauma