Sem excluir a luta armada, o líder dos golpistas em Burkina Faso, o general Gilbert Diendéré, declarou nesta terça-feira que continua a negociar com o exército legalista, mas que esperaria a mediação regional, que deve se reunir em Abuja para acabar com a crise.
"Nós não queremos lutar, mas vamos nos defender eventualmente", disse o general Diendéré à imprensa, enquanto unidades do exército eram mobilizadas na capital Uagadugu e exigiam a rendição dos militares golpistas.
Em uniforme militar, o general recebeu uma dúzia de jornalistas em um grande anexo do Palácio Presidencial Kosyam. Soldados de sua facção pareciam surpreendentemente relaxados.
"Iniciamos as discussões e tivemos trocas frutuosas para encontrar uma solução", declarou o general.
"Não queremos derramar sangue para ficar no poder. É inútil derramar sangue ou fazer massacres", acrescentou Diendéré, ex-braço direito do ex-presidente Blaise Comparado, derrubado após 27 anos de poder em outubro de 2014.
"Gostaríamos de encontrar um terreno comum sobre a forma mais pacífica possível para evitar criar problemas para a paz", acrescentou.
O general insistiu na mediação da Comunidade Econômica dos Estados da África do Oeste (Cedeao).
O projeto de saída da crise da Cedeao estudado nesta terça-feira numa cúpula extraordinária prevê a restauração das autoridades de transição em Burkina Faso, incluindo o presidente interino Michel Kadando, mas também anistia para os golpistas e reintegração dos partidários do presidente deposto Blaise Compaoré na competição eleitoral.
O projeto irritou a sociedade civil e foi mal recebido pelas ruas, principalmente quanto a anistia oferecida aos golpistas.
A violência que acompanhou o golpe de Estado militar realizado em 17 de setembro em Burkina Faso deixou pelo menos 10 mortos e 113 feridos, segundo fontes hospitalares.
* AFP