Os golpistas em Burkina Faso libertaram nesta terça-feira o primeiro-ministro interino, tenente-coronel Isaac Zida - disseram várias fontes, pouco depois de o Exército entrar na capital, Uagadugu, para negociar a rendição dos responsáveis pelo golpe.
Uma fonte da Polícia e um membro do círculo de Zida explicaram à AFP que o premiê, detido no Palácio presidencial desde o golpe da última quarta-feira, foi autorizado a voltar para sua residência oficial.
Em comunicado divulgado nesta terça à noite, Zida se dirigiu a seus ex-companheiros de armas do Regime de Segurança Presidencial (RSP).
"A todos os meus irmãos de armas do RSP, vocês se comprometeram a servir à Pátria, mas vocês tomaram o mau caminho. Voltem às fileiras do povo para que, juntos, possamos construir uma nação de paz, de justiça e de liberdade", declara a nota.
Mantido como refém pelos golpistas desde 16 de setembro, ele confirmou sua "libertação nesta terça de manhã por volta das 4h (1h em Brasília)" e garantiu que passa bem.
"Estou bem, mas moralmente chocado com o que meu país atravessa", desabafou.
Primeiro-ministro da transição, Zida estava em conflito aberto com o RSP antes do golpe. Ele assumiu interinamente a função de chefe de Estado após a queda do presidente Blaise Compaoré, deposto por pressão popular em 2014.
"Felicitando o povo por sua luta ferrenha pela liberdade, pela paz e pela democracia, eu gostaria de garantir a todos os filhos e filhas de Burkina que a luta, à qual vocês foram obrigados, ainda terminará com uma vitória", acrescenta a nota.
"Dirigindo-me ao conjunto das Forças Armadas nacionais, eu renovo minha total confiança", concluiu.
* AFP