É preciso cuidado e paciência para enfrentar o mar de crateras na Interpraias

A falta de recursos financeiros do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) para restauração total dos 57km da ERS-786, no Litoral Norte, tornou a rodovia uma colcha de remendos e buracos.

De um trecho que mais parece um tapete até outros lembrando a superfície da Lua, a estrada surpreende os motoristas mais desatentos entre Balneário Quintão, em Palmares do Sul, e Imara, em Imbé, no Litoral Norte.


Nem mesmo os reparos emergenciais executados pelo Daer têm sido suficientes para acabar com um problema comum na rodovia, também conhecida como Interpraias: as crateras.

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A reportagem do Diário Gaúcho percorreu a via e chegou a contar, por exemplo, 22 buracos em menos de 30m no Km 46, no Balneário Ildo Meneghetti, em Cidreira. Uma das crateras tinha o comprimento de um Chevette.

- Não adianta fechar os buracos com asfalto frio, pois, na primeira chuva, ele vai embora. O pior é, mesmo morando aqui, ser surpreendido por um panelão cheio de água. Já tive pneus estourados mais de uma vez por esta surpresa sem graça - conta o motorista aposentado Flori Carneiro, 63 anos, morador do Ildo Meneghetti.

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Panelões

O único ponto transitável da estrada são os 2,5km até a entrada de Quintão _ final da rodovia. Ali, não há buracos e a pista está sinalizada e iluminada. Porém, o cenário quase cinematográfico desaparece logo à frente, na entrada de Magistério.

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Em agosto do ano passado, a 16ª Superintendência Regional do Daer, localizada em Osório e responsável pela rodovia, reconheceu que as áreas mais críticas ficavam em Magistério, Balneário Pinhal e Cidreira.

Na época, o órgão anunciou nova camada asfáltica para recuperar 2,2km do trajeto, no valor de R$ 251,6 mil. Porém, 12 meses depois, o que se encontra são trechos intercalados de 100m pavimentados e outros 150m com asfalto gasto e esburacado. Num dos pontos esquecidos, em frente ao número 1.414 da Avenida Paraguassu, em Magistério, os buracos se amontoam.

No Balneário Costa do Sol, em Cidreira, no km 45, os paralelepípedos voltaram a aparecer em panelões formados pela falta de pavimentação. O local já foi alvo de protestos dos moradores, em fevereiro deste ano. Eles exigiam a recuperação da rodovia, que passou por uma operação emergencial de tapa-buracos depois da manifestação.

- Mas isso não é nada! Anda mais um pouco que você vai encontrar problema de verdade - gritou uma moradora do outro lado da via, enquanto apontava na direção de Tramandaí.

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Na contramão

E a moradora tinha razão! Entre Salinas, praia de Cidreira, e Jardim Atlântico, em Tramandaí, mesmo depois de uma operação tapa-buracos iniciada após manifestação de moradores em 7 de setembro, os panelões obrigam os motoristas a andar na contramão na ERS-786. No acostamento ficam as marcas do problema: restos de calotas e de pneus rasgados.

Morador de Magistério, o motorista aposentado Luiz Carvalho, 60 anos, costuma cruzar diariamente o trecho e reclama da falta de manutenção.

- Eles (funcionários do Daer) até fecharam as crateras maiores depois do protesto com asfalto frio. Mas em menos de uma semana tudo está se desmanchando. Além de perder a suspensão do meu carro mais de uma vez, minha paciência está se perdendo também com a falta de uma solução definitiva - disse.

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Somente reparos

Segundo a assessoria de imprensa do Daer, o órgão depende dos desdobramentos referentes ao ajuste fiscal proposto pelo governo do Estado para saber quais recursos poderá investir na principal via urbana que liga as praias. Até a definição, apenas reparos emergenciais continuarão sendo feitos.

"O contrato de conservação com a empresa terceirizada está sendo renegociado, com o objetivo de ser retomado em breve. Ainda neste mês, a equipe própria do Daer fez reparos nos trechos de Nova Tramandaí, Oásis e Salinas. Para próxima semana serão reiniciados os serviços em Costa do Sol", finaliza a nota da assessoria.

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