Os "chefes do corpo do exército nacional" de Burkina Faso pediram nesta segunda-feira que os golpistas deponham as armas, em um comunicado, num momento em que tropas se dirigiam à capital, Uagadugu.
"Todas as forças armadas nacionais convergem a Uagadugu com o único objetivo de desarmar o Regime de Segurança Presidencial (RSP, guarda presidencial) sem que sangue seja derramado", indica o comunicado.
"Pedimos que deponham as armas", acrescentam.
Neste contexto, o chefe do estado maior das forças armadas, o general Pingrenoma Zagré, "convidou" os integrantes da RSP a deporem as armas e pediu ao resto do exército evitar qualquer enfrentamento e "assegurar uma boa acolhida aos irmãos do RSP", em um comunicado.
O RSP é a unidade de elite que realizou um golpe de Estado na semana passada, depondo o presidente de transição do país, Michel Kafando.
O RSP, unidade de elite com 1.300 efetivos, tomou o poder acusando as autoridades de distorcer o período de transição ao excluir das eleições previstas para outubro os partidários do ex-presidente Blaise Compaoré, deposto, por sua vez, no ano passado.
Kafando "encontra-se na residência da França", anunciou na noite desta segunda-feira no Twitter o embaixador francês no país, Gilles Thibault.
Os militares golpistas da guarda presidencial detiveram Kafando na quarta-feira passada em plena reunião do conselho de ministros e anunciaram em seguida sua libertação após uma mediação dos Estados da África do Oeste. Desde então, estava em prisão domiciliar.
Diante da situação, o departamento de Estado dos EUA alertou os cidadãos americanos para que evitem viagens a Burkina Faso e aconselhou os que já estão no país a partir o mais cedo possível.
As famílias do corpo diplomático e o pessoal da embaixada "não emergencial" devem abandonar Burkina Faso, destacou o departamento de Estado.
"A embaixada dos Estados Unidos em Uagadugú funcionará com pessoal reduzido, mas prosseguirá com os serviços consulares de emergência aos cidadãos americanos".
Burkina Faso, país africano com 17 milhões de habitantes, encravado no coração da região do Sahel, viveu desde sua independência, em 1960, muitos golpes de Estado militares.
* AFP