Uma mulher suspeita de envolvimento em pelo menos quatro sequestros-relâmpago em Porto Alegre, entre abril e maio, foi presa na tarde desta quinta-feira em Jaguaruna, Santa Catarina. Agindo com outros dois comparsas, Évelin Farias Ribeiro, de 32 anos, teria abordado vítimas, todas mulheres, quando saíam de lojas, bancos e mercados nos bairros Tristeza, Vila Assunção e Ipanema.
O grupo teria agido, em todas as ocasiões, da mesma maneira: colocava a vítima dentro do carro e rodava com ela por entre seis e oito horas, até abandoná-las em matagais de Viamão e Alvorada. Nesse período, segundo a delegada Áurea Hoeppel, titular da 6ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, a pessoa seria torturada e obrigada a fornecer senhas de cartões de crédito para compras em lojas.
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Em um dos casos, uma das vítimas foi parar no hospital devido às lesões sofridas no sequestro. A mulher, que não quis se identificar, conta que viveu momentos de pavor nas mãos dos criminosos.
- Ela (Évelin) era a mais perversa. Me cortou os braços com canivete e colocou-o na minha língua, dizendo que ia cortar ela fora para que eu nunca falasse sobre o sequestro. Depois, enrolaram meu corpo todo com uma fita e me jogaram próximo a uma estrada. Aí veio o pior momento. Eu quase morri no mato porque caí em uma sanga - contou uma das vítimas.
Em outro caso, os sequestradores teriam feito uma criança - provavelmente filha de um deles, segundo a delegada - vomitar na boca de uma das mulheres. Teriam, ainda, com uma arma, ameaçado de morte uma outra vítima.
- Era uma mulher extremamente violenta. Batia nas vítimas por prazer e fazia torturas, além de físicas, psicológicas - explicou a delegada.
Em dois meses, Évelin teria feito um longo itinerário - ficava dois meses na zona sul da Capital, viajava para Jaguaruna, voltava e ficava dois meses na zona norte e assim por diante. Ainda conforme Áurea, a mulher tem familiares na cidade catarinense onde foi efetuada a prisão e, normalmente, era para lá que ela fugia após cometer os crimes na capital gaúcha.
Évelin teve a prisão preventiva decretada depois que vítimas reconheceram-na por meio de fotos. Os outros dois integrantes da quadrilha, o casal Fabiana Oliveira Santos e Mayk William Farias, foram presos ainda em maio quando compravam cerca de 20 maços de cigarro em um posto de gasolina. O atendente desconfiou e chamou a polícia. Évelin conseguiu fugir. A dupla foi indiciada por sequestro mediante extorsão.
Companheiro de Évelin, Jairo Vieira Silveira, conhecido como "cabeça", está recolhido na Penitenciária Estadual do Jacuí. Em conversas ouvidas pelas vítimas, a quadrilha costumava falar durante os sequestros ao telefone com Silveira, a quem prometiam cigarros e bebidas. Ele e Évelin seriam os mandantes do grupo. A polícia ainda suspeita de um quinto integrante, mas segue investigando o caso.
O histórico de Évelin já é conhecido na polícia. Em 2013, foi presa por tráfico de drogas, mas libertada um ano depois. Agora, será encaminhada à Penitenciária Feminina Madre Pelletier. Questionada pela reportagem sobre a autoria dos crimes, a suspeita não quis falar.
Veja o momento que suspeita compra com cartão de vítima em loja:
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Suspeita de sequestros-relâmpago em Porto Alegre teria torturado vítimas
Évelin Farias Ribeiro, de 32 anos, teria sequestrado mulheres quando saíam de lojas, bancos e mercados
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