Porto Alegre viu nascer pelo menos uma ocupação urbana a cada 45 dias no último ano. Nestes terrenos incertos, há quem deposite esperanças e economias de uma vida. São, na maioria dos casos, pessoas humildes - algumas vivendo em situação de pobreza extrema - que se arriscam em áreas insalubres e carentes de infraestrutura, movidas pelo sonho da casa própria. Um sonho que pode virar pó a qualquer momento, bastando apenas a Justiça dar o aval para a reintegração de posse.
A explicação para o boom de invasões verificado especialmente nos últimos três anos vai muito além do déficit habitacional, calculado em 38,6 mil unidades na Capital. Percorrendo comunidades e conversando com dezenas líderes e moradores nas últimas semanas, ZH constatou que este pode ser um negócio bastante lucrativo: o mercado das ocupações tem potencial para movimentar milhões de reais com a venda ilegal de lotes - feita inclusive através de anúncios na internet - e contratos com escritórios de advocacia, que chegam a R$ 100 mil em uma única invasão. A reportagem especial mostra como se organizam as invasões e apresenta do Fórum das Ocupações Urbanas da Região Metropolitana.