Ao contrário do cenário tumultuado que Porto Alegre viveu na manhã desta quarta-feira por conta de paralisações, movimento de trabalhadores que discordam do projeto de lei aprovado na Câmara dos Deputados que amplia a possibilidade de terceirizar atividades empresariais, em Caxias do Sul não houve registro de tumultos e grandes prejuízos.
Veja como foi a cobertura das manifestações
Em grandes empresas como a Fras-le, Marcopolo, Guerra, Sanmartin, San Marino e Mundial, o Sindicato dos Metalúrgicos organizou pontos para conversa com os trabalhadores. Eram assembleias que ocorreram com o intuito de esclarecer os funcionários sobre a legislação. Após os encontros, que terminaram pouco depois das 8h, a jornada de trabalho prosseguiu, sem interferências.
Ônibus da Visate operaram normalmente.
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O Sindicato dos Metalúrgicos liderou, após as assembleias, uma caminhada pelas ruas centrais da cidade. Cerca de 70 pessoas participaram da passeata, que provocou lentidão em algumas vias.
- Precisamos que os trabalhadores se conscientizem, venham para a rua, digam não a PL. Os trabalhadores querem participação num país que se desenvolve, queremos a garantia dos nossos direitos - afirmou o vereador Henrique Silva (PCdoB), um dos líderes da manifestação.
Na frente das lojas e calçadas, alguns cidadãos manifestaram apoio à causa. Outros, porém, gritam e criticam a caminhada.
Ainda que o Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers Sindicato) tenha afirmado que cerca de 25 escolas estaduais iriam aderir ao movimento das paralisações, a reportagem confirmou que apenas o Instituto de Educação Cristóvão de Mendoza e a Escola Estadual de Ensino Médio Apolinário Alves dos Santos não terão aula durante a quarta-feira. As escolas de ensino fundamental Ismael Chaves Barcellos, de Galópolis, e João Magalhães Filho, do Centro, apenas tiveram conversa informal com o corpo docente e parte dos alunos, debatendo a lei das terceirizações.
De acordo o diretor do núcleo do Cpers em Caxias e Região, Antônio Staudt, o PL 4.330 não atinge apenas o setor privado. Ele afirma que hoje já há escolas com funcionários da área da limpeza terceirizados. Os professores alegam que, além de perderem benefícios, as trocas fazem com que o funcionário terceirizado não crie vínculos com a instituição.
- Cada escola tem uma realidade. É importante a criação de vínculos. Na questão de benefícios, o funcionário terceirizado recebe 30% a menos, não tem alguns direitos, como plano de saúde. O que queremos é que todos os funcionários sejam concursados, sem contratos ou terceirização. Eles não têm estabilidade, não têm plano de carreira. No caso dos terceirizados, ainda, se troca a empresa que oferta o serviço os funcionários são demitidos.
Outro reflexo da manifestação ocorre nos bancos. Três agências não funcionam nesta quarta-feira: uma do Santander, uma do Itaú e outra do Bradesco, todas na Júlio de Castilhos. A decisão foi tomada em assembleia do Sindicato dos Bancários na noite de terça-feira.
À tarde estão previstas novas assembleias na Fras-le, Mundial, Marcopolo e Randon para conversar com os trabalhadores do turno da noite.
Dia de mobilização
Lei das terceirizações provoca paralisações e caminhada em Caxias
Reuniões em indústrias e escolas paradas marcaram a quarta-feira
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