O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, afirmou que o combate a corrupção é o "único objetivo comum" em uma democracia plural, em referência aos protestos realizados no país no último fim de semana.
O magistrado disse acreditar que a corrupção não é insuperável e que é possível vencê-la com "apoio das instituições democráticas".
Moro recebeu nesta quarta-feira o prêmio de "Personalidade do Ano", do jornal O Globo.
- Por mais plural que seja a democracia, existe um consenso. Todos são contra a corrupção e todos concordam, seja aqueles à esquerda, seja à direita, que a corrupção, quando identificada e provada, deve ser punida. Brasil já enfrentou desafios muito maiores. A corrupção é mais um. Não vejo nenhum problema como insuperável. Com apoio das instituições democráticas, conseguiremos acabar com ela - discursou o magistrado.
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No discurso, o juiz se disse "tocado" com as manifestações do último fim de semana.
- É bonito, em uma democracia, ver o povo na rua. Mesmo com grupos tão plurais, o único objetivo comum é acabar com a corrupção.
Moro também se disse "constrangido" por receber o prêmio por um processo ainda em curso, e evitou comentar o andamento das investigações. Disse que, como juiz, "não pode fazer promessas de julgar de determinada maneira". Segundo ele, seu compromisso é julgar "no império da Lei e aplicar a sentença da maneira igual".
- O que posso dizer é que vamos adiante com esta ação - completou.
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O magistrado foi aplaudido de pé ao receber o prêmio. Ele ainda destacou a atuação do ministro Teori Zavasck, do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pelo julgamento dos envolvidos que tem prerrogativa de foro privilegiado.
- Esse é um trabalho que não é só meu, é coletivo. Nossa única preocupação é chegar ao final deste trabalho garantindo o devido processo legal, sem atropelamento. Mas, claro, esse prêmio é um reconhecimento pela qualidade do trabalho - afirmou.
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O juiz, que integra a 13ª Vara Federal de Curitiba, onde tramita as principais ações decorrentes da Operação Lava Jato, disse não se sentir "confortável" para comentar um processo ainda em andamento. Segundo Moro, não é possível prever "o que vai se descobrir e o que não vai ser".
- Não sei exatamente o que está por vir. ê um caso em andamento, não tem como prever o futuro, o que pode acontecer, ou o que vai se descobrir e o que não vai - afirmou, ao chegar à solenidade de entrega da premiação, no Copacabana Palace, na Zona Sul do Rio.
Esta é a décima segunda edição do prêmio. No último ano, o vencedor da categoria de "Personalidade do Ano" da premiação foi o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa.
*Estadão Conteúdo