No dia 14 de janeiro deste ano, dois carros chegaram a uma casa na invasão do Delta, em Eldorado do Sul, e os passageiros, armados, já saíram atirando. Mataram Marileida Rachadel, 44 anos, que estava grávida, e Nahel Machado de Oliveira, 17 anos. Deixaram ferido outro jovem. De acordo com o delegado Alencar Carraro, essa teria sido a primeira missão do grupo, formado em sua maioria por adolescentes vindos do Timbaúva.
- Apuramos que a Marileida estaria traficando naquele local para outra quadrilha. A ordem a eles foi de retomar todos os pontos na vila - explica o delegado.
Parte dos cinco detidos na última semana foi reconhecida pelo duplo homicídio. A polícia ainda trabalha nas identificações de outros suspeitos.
Desde o ano passado, as disputas pelo controle do tráfico na região do Delta têm sido a maior dor de cabeça para a polícia na cidade. Em outras três operações, já foram desarticuladas quadrilhas ligadas a outras duas facções - Bala na Cara e Manos -, mas o lugar deixado por um grupo sempre acaba tomado por outro.
- A metade dos casos de homicídios na cidade acontecem ali e a população acaba refém. O uso de menores nessa proporção mostra que já estão faltando soldados. Os criminosos acabam recrutando gente cada vez mais nova. Este não é um problema só de polícia - aponta Alencar Carraro.
O foco da criminalidade estaria nas mais de 200 habitações de um condomínio financiado pela Caixa Econômica Federal, atualmente abandonado, e, por isso, invadido por famílias que vêm de fora de Eldorado. O Ministério Público da cidade pretende se reunir com a direção do banco para discutir uma solução para as moradias.
*Diário Gaúcho