No dia em que a paralisação dos caminhoneiros completa uma semana no Brasil, os reflexos do movimento revelam a vulnerabilidade do país ao transporte rodoviário e já causam desabastecimento no Rio Grande do Sul.
Postos de combustíveis de Pelotas, Santa Maria e Passo Fundo secaram as bombas, mas o problema ainda não é generalizado. Nos supermercados, há registro de falta de leite nos estoques.
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Confira, abaixo, o impacto da greve no Estado:
COMBUSTÍVEIS
Postos já enfrentam falta de combustíveis em função da paralisação, mas o desabastecimento não é generalizado. Há casos em Pelotas, Passo Fundo, Santa Maria e municípios das Missões. A Região Metropolitana ainda não é afetada porque os carregamentos que chegam aos postos saem das bases das distribuidoras em Canoas, abastecidas pela Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), onde não houve bloqueio. Postos costumam operar com reserva para comercializar combustíveis até três dias caso não haja reposição, mas a duração do estoque varia conforme o tamanho do estabelecimento e a demanda.
SUPERMERCADOS
A previsão da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) é que os principais produtos afetados pela paralisação sejam carnes, frutas, legumes e verduras, mas há a expectativa que alguns estabelecimentos consigam encher as gôndolas com fornecedores regionais. Na rede Zaffari e Bourbon (detentora de 29 estabelecimentos no Estado), o único produto em falta até o momento é o leite in natura - que não fica em estoque, sendo abastecido diariamente -, e alternativas estão sendo buscadas para suprir a demanda. A empresa Walmart (proprietária de 117 lojas Big, Nacional, TodoDia, Maxxi Atacado e Sam's Club no Estado) não informou se há desabastecimento.
LEITE
Com parte das rodovias bloqueadas, a indústria gaúcha têm encontrado dificuldades para receber matéria-prima e embalagens para fabricar o produto. Mercadorias como leite pasteurizado, que são entregue aos supermercados diariamente, já estão em falta nas prateleiras. O estoque de produtos derivados - como iogurte e queijo - devem devem ser suficientes para mais uma semana.
FRUTAS
Mamão, abacate, laranja, limão e manga, que são trazidas em grande parte são trazidos de fora do Estado já estão em falta. Caminhões que vem de São Paulo, Bahia e Minas Gerais carregados de alimentos para abastecer as prateleiras gaúchas estão parados na estrada. As frutas disponíveis para a venda em Porto Alegre são apenas aquelas produzidas na própria Capital ou na região metropolitana, insuficientes para suprir a necessidade. Nas Centrais de Abastecimento do RS (Ceasa), a expectativa é por esta quinta-feira - tradicionalmente, dia de carregamentos de compradores do Interior. Caso as cargas de hortifrutigranjeiros não cheguem à central em Porto Alegre em função da paralisação, os preços devem subir.
CORRESPONDÊNCIAS E ENCOMENDAS
Com o atraso na chegada de caminhões dos Correios que trafegam por rodovias bloqueadas, a entrega de correspondências e encomendas pode sofrer atrasos no Rio Grande do Sul. As demais cargas, transportadas por estradas que não sofrem o impacto do protesto ou por avião, estão sendo entregues normalmente. A paralisação dos caminhoneiros ainda provoca a suspensão temporária dos serviços de Sedex 10 e Sedex 12 em algumas localidades do Estado, já que não é possível garantir o cumprimento dos prazos.
ELETRÔNICOS E ELETRODOMÉSTICOS
A maior parte do que é vendido no Estado é produzido na região Sudeste do país. A estimativa é que os estoques durem pelo menos mais quatro dias. Se a paralização continuar, televisores e aparelhos de ar condicionado poderão faltar nas lojas nas próximas duas semanas.
ROUPAS E CALÇADOS
Lojistas do interior do Rio Grande do Sul enfrentam dificuldades no recebimentos de acessórios de vestuário. Como a reposição é feita semanalmente, a expectativa é que o estoque dure pelo menos mais sete dias. Podem faltar algumas peças nas prateleiras, mas o desabatecimento não é imediato.
CARNE BOVINA
Frigoríficos do Estado têm dificuldade para receber matéria-prima e para entregar a carne para a venda em açougues. Por tratar-se de mercadoria perecível, o volume de estoques é pequeno e a partir de hoje o desabastecimento começa a aparecer de forma mais intensa em algumas regiões.
CARNE SUÍNA
Pelo menos seis unidades de frigoríficos suspenderam as atividades devido a falta de matéria-prima para abate. As regiões Noroeste,Vale do Taquari e Alto Uruguai são as mais atingidas no Estado até o momento. A estimativa é que falte carne suína em algumas cidades já no final de semana.