Durante o recesso parlamentar, em janeiro, o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO) esteve em Miami, nos EUA, e conversou com a comunidade cubana local, reconhecida pela oposição ao regime comunista de seu país de origem. O deputado chegou a ser acusado de "fazer um cursinho sobre deserção de cubanos." Caiado falou a ZH.
Zero Hora - O senhor visitou exilados cubanos em Miami. Isso é verdade? O senhor tratou do Mais Médicos durante a visita?
Ronaldo Caiado - Estive lá com eles. Tratei de vários assuntos; entre eles, este.
ZH - Qual a opinião da comunidade cubana de lá sobre o Mais Médicos?
Caiado - De uma certa maneira, como todos nós brasileiros, eles, que já eram cubanos livres, manifestaram tristeza em saber que o Brasil está patrocinando a ditadura dos irmãos Castro.
ZH - Houve da sua parte um pedido de ajuda aos cubanos de Miami para criar pontes com os médicos cubanos no Brasil?
Caiado - Não, até por que esse trabalho já foi feito por mim no Brasil em agosto, quando criei a Frente Parlamentar de Apoio aos Cubanos.
ZH - Como é esse apoio? Inclui estimular os cubanos a abandonar o Mais Médicos?
Caiado - Jamais me coloquei contra o Mais Médicos. Não vamos tergiversar, você está tergiversando. Vamos ser bem objetivos. Não interessa se tem um português trabalhando, um argentino ou um espanhol. O que sabíamos e o que provei é que eles eram mercadoria. Eles eram tratados como escravos e a Opas (a Organização Pan-americana de Saúde) fazia o trabalho de navio negreiro. Isso eu coloquei e hoje provei isso: que as pessoas estão sendo tratadas como mercadoria, escambo. Para se pagar uma dívida que Cuba tem com o BNDES, que construiu o Porto de Mariel, Cuba entrega seres humanos como mercadoria. Ninguém é contra a presença de médicos em qualquer lugar do Brasil. Agora, não se pode descumprir acordos, criar uma legislação que não seja nossa, revogar a legislação trabalhista e dar, a um ser humano que trabalha, 10% do valor que os outros recebem.
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ZH - O seu partido está preparado para dar assistência a outros médicos?
Caiado - Sem dúvida. É como se fosse uma embaixada da liberdade. Isso é para a pessoa poder ter direitos. O contrato é algo medieval. Para você ter uma ideia, tem uma norma que diz que, se a pessoa for ter um relacionamento, ela precisa antes perguntar ao supervisor se é possível ou não. Além do salário, que é uma comercialização de mão de obra, semelhante a um trabalho escravo, o cidadão é privado de toda e qualquer condição de ir e vir e poder se relacionar.