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É só observar as ruas, ciclovias, praças e parques de Porto Alegre nos fins de semana e feriados para reparar que estão recheados de bicicletas, muitas delas do sistema de aluguel BikePoa. As laranjinhas se tornaram um sucesso na Capital, mas um dos reflexos é a falta de unidades nas estações, tamanha a procura nos períodos de folga.
Porto Alegre tem, hoje, 48 mil usuários ativos do sistema - é dona do primeiro lugar em cadastrados, aponta a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). Desde setembro de 2012, foram 120 mil viagens.
Ao se conferir o que ocorre nas estações do BikePoa nos finais de semana e feriados é possível descobrir os efeitos do sucesso. Fica claro que o ritmo de instalação de novas estações com 20 bicicletas não tem acompanhado as adesões ao serviço.
Exatamente às 15h50min de ontem, a área central estava desfalcada de bicicletas. O programa de celular que avisa a quantidade de bikes mostrava: não havia nenhuma unidade nas estações da Câmara Municipal, Casa de Cultura Mario Quintana, Mercado Público, Largo Zumbi dos Palmares e Praça da Alfândega. Havia uma no Colégio Parobé, uma na região dos tribunais e duas no Praia de Belas Shopping.
No Parque da Redenção, um casal correu para garantir a única que restava na estação do Mercado do Bom Fim. Depois de retirar o veículo, a estudante de Biblioteconomia Andrieli Lanferdini, 22 anos, lamentou o pneu traseiro vazio - ou furado. Mas pelo menos tinha um espelhinho - o retrovisor é um dos principais itens que faltam nas bikes, dizem usuários.
Andrieli deixou o local com o namorado, Thiago Tavares, 26 anos, deixando para trás um grupo de três amigas que há 40 minutos tentava obter não só uma, mas quatro bicicletas - uma delas para outra pessoa que estava para chegar. Era uma situação complicada, diante do que mostrava o programa de celular.
- Está muito difícil pegar bicicleta em finais de semana e feriados. No fim de semana passado, viemos depois do meio-dia porque durante toda a manhã não tinha - disse a técnica em enfermagem Cátia Stradolini, 39 anos.
Cerca de 10 minutos depois, duas bikes chegaram, resolvendo metade do problema. O plano era seguir até a estação próxima ao Instituto de Educação para arranjar mais unidades. Enquanto isso, no Gasômetro, ocorria o inverso: todas as bikes estavam no posto, só que demorava para retirá-las. O sistema estava congestionado, sugeriu um técnico a trabalho pela BikePoa. Em uma caminhonete, ele transportava quatro bikes com pneu furado.
- Algumas pessoas podiam cuidar mais das bicicletas - comentou.
O diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, confirma que a demanda por bicicletas está alta. A instalação de 20 novas estações deverá melhorar a relação oferta-procura em breve. Atualmente, Porto Alegre tem 20 estações, somando 200 bicicletas.