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Era impensável, sim. Era impossível, mesmo. Mas, convenhamos, havia aquela pontinha de esperança. E não deu: Ainda Estou Aqui perdeu o Oscar de melhor filme para Anora na noite deste domingo (2).
A indicação à categoria já era vista como uma vitória, um afago ao longa dirigido por Walter Salles. A esperança de prêmio mesmo era nas categorias de melhor atriz, com Fernanda Torres, e melhor filme internacional.
Além do longa vencedor, Ainda Estou Aqui concorria com Anora, O Brutalista, Um Completo Desconhecido, Conclave, Duna: Parte 2, Emilia Pérez, Nickel Boys, A Substância e Wicked.
Acumulando cinco prêmios do Oscar, Anora foi o grande vencedor da noite. Além de melhor direção, o longa recebeu as estatuetas de melhor atriz, melhor roteiro original, melhor montagem e melhor filme.
Nas premiações da temporada, a maioria dos concorrentes saiu com os prêmios máximos. O Brutalista, por exemplo, venceu o Globo de Ouro de melhor filme de drama; Anora foi consagrado no Critic’s Choice Awards e no Prêmio do Sindicato dos Produtores (PGA), além de ter recebido a Palma de Ouro no Festival de Cannes 2024; já Conclave se destacou no Bafta.
Indicação histórica
Foi a primeira vez que um longa representando o Brasil foi indicado à categoria principal do Oscar. Vale lembrar que O Beijo da Mulher-Aranha, indicado a melhor filme em 1986, era parcialmente brasileiro.
Rodado no Brasil, falado em inglês e dirigido pelo argentino naturalizado brasileiro Hector Babenco, o filme foi uma coprodução com os Estados Unidos — além da HB Filmes, produtora de Babenco, havia as estadunidenses Sugarloaf Films, Inc. e FilmDallas Pictures. Caso o filme vencesse, o Oscar iria para os Estados Unidos.
Ainda Estou Aqui é inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva. O filme narra a trajetória da família do autor após seu pai, o ex-deputado Rubens Paiva (vivido por Selton Mello), ser sequestrado e morto pela ditadura militar.
A adaptação ao cinema foca especialmente na mãe do escritor, Eunice Paiva, que é interpretada por Fernanda Torres, premiada no Globo de Ouro pelo papel.