Imagine um triângulo. Em uma das pontas está um país sedento de energia elétrica produzida por hidrelétricas. Na outra, os empreendedores (governo e iniciativa privada). E, no terceiro vértice, o morador da região a ser alagada.
É a explicação dessa equação a que se propõe o livro Relações de Poder na Instalação de Hidrelétricas, escrito por Humberto José da Rocha, 36 anos, professor de Ciências Sociais, da Universidade de Passo Fundo (UPF).
- Rocha dá ao leitor as ferramentas para o entendimento dessa equação, fundamental para compreender os conflitos que estão marcando a construção da hidrelétrica de Belo Monte (PA) e da herança social deixada pela construção de outras obras do ramo, como Sobradinho (BA) - recomendou Hemerson Luiz Pase, coordenador Núcleo de Estudos em Políticas Públicas (Neppu) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e do Projeto de Remanejamento da População Atingida por Empreendimentos Hidrelétricos, uma grande pesquisa sobre as usinas construídas no Rio Uruguai, que separa o Rio Grande do Sul de Santa Catarina e da Argentina.
O professor Rocha também faz parte do projeto de remanejamento e a pesquisa, feita na hidrelétrica da Foz do Chapecó, que fica entre as cidades de Águas de Chapecó (SC) e Alpestre (RS) , foi a sua tese de doutorado, defendida em maio na Universidade de Campinas (Unicamp).
Para o morador da cidade parece óbvio que o interesse público pela energia elétrica está acima da comunidade local. O dono da terra a ser alagada pode se definido como aquele que não tem o direito de dizer "não quero sair daqui".
O máximo que pode fazer é barganhar o preço da desapropriação. Vale o mesmo para os defensores dos recursos naturais de uma região: árvores, animais e outras espécies. E para aqueles que zelam pelo patrimônio cultural das comunidades que irão desaparecer sob as águas.
Para a população urbana, todos esses problemas parecem coisas de outro mundo. Mas não são: elas fazem parte do dia a dia das pessoas a cada conta de energia. No livro, o professor Rocha, um pesquisador atencioso e meticuloso, mostra como esses episódios, que parecem tão distantes, se relacionam.
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