
Intensa e incessante do início ao fim do dia, a precipitação provocou interrupção de rodovias, queda de árvores, inundação de residências, submersão de pontes e automóveis, congestionamentos, cortes no fornecimento de energia e cancelamento de aulas e eventos.
A região de Camaquã, a meio caminho entre Porto Alegre e Pelotas, defrontou-se com um dilúvio. Entre a noite de segunda-feira e as 17h de terça-feira, a precipitação chegou a 148 milímetros, 12% acima da média histórica para setembro. O acumulado desde a noite do sábado somava 265 milímetros, o dobro do esperado para o mês inteiro.
Cidades do entorno, Arambaré, Sentinela do Sul e Tapes, amargaram as consequências da enxurrada. Até as 18h, as cinco vias de acesso a Arambaré estavam bloqueadas, deixando moradores ilhados. No fim da tarde, o bloqueio permanecia em duas entradas.
Em Tapes, à beira da Lagoa dos Patos, idosos foram carregados nos ombros por policiais e bombeiros para escapar de suas casas inundadas e crianças tiveram de ser erguidas no colo para não ser submersas pela água que atingia 1m50cm de altura em muitas vias. No bairro Vila Nova, pelo menos 14 famílias tiveram de abandonar as residências, tomadas de água. Sem ter para onde ir, Helena Barbosa da Silveira, 43 anos, ficou na rua. Durante a madrugada, ela sentiu a água avançar pela altura da cama e teve de resgatar os pertences e fugir.
- Foi a coisa mais triste desse mundo. Tinha comida boiando pela casa. Por pouco não perdemos as crianças - contou Helena.
Perto dali, em Sentinela do Sul, sangas e arroios transbordaram. Na localidade de Passo Grande, a água atingiu a casa de 80 famílias. Em Barra do Ribeiro, na mesma região, uma queda de barreira no km 314 interrompeu parcialmente o fluxo na BR-116. Em Tapes, os veículos leves não conseguiam usar a rodovia por causa dos alagamentos.
Na tarde desta terça-feira, mais de 52 mil consumidores estavam sem energia no Estado - 42 mil deles em áreas atendidas pela CEEE, 5,3 mil pela AES Sul e 7,2 mil pela RGE.
Em Porto Alegre, foram dois dias consecutivos de chuva forte e constante. A cidade amanheceu com ruas alagadas, semáforos apagados e trânsito transtornado. Vias como Voluntários da Pátria, Sertório, Icaraí e A.J Renner sofreram bloqueios. O Posto de Saúde Morro dos Sargentos, na Zona Sul, suspendeu os serviços à tarde, porque a água bloqueou os acessos. A Escola Estadual Duque de Caxias precisou cancelar as aulas, porque um problema no telhado permitiu à água invadir as salas de aula. Na Rua 24 de Outubro, bairro Auxiliadora, uma cobertura de estacionamento, caiu sobre cerca de 10 veículos às 18h30min.
A previsão de mais chuva fez com que fosse transferido de quarta-feira para a sexta-feira o desfile temático do Acampamento Farroupilha da Capital. Com problemas crônicos de abastecimento de água, Bagé registrou 105 milímetros de chuva desde o fim de semana e viu recuperarem-se as barragens do Piraí e da Emergencial. A cidade está há oito meses com racionamento de água.